Fernando Haddad comenta sobre a surpresa com a alta da Selic e aprovação rápida do pacote fiscal no Congresso (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 11 de dezembro de 2024 às 20h18.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a decisão do Banco Central (BC) desta quarta-feira, 11, de subir a taxa de juros em 1 ponto percentual foi uma surpresa "por um lado", mas que já havia precificação no mercado para essa ação.
“Foi, (surpresa) por um lado. Mas, por outro lado, tinha uma precificação nesse sentido. Vou ler com calma, analisar o comunicado, falar com algumas pessoas depois do período de silêncio", afirmou o ministro, ao ser questionado por jornalistas sobre a decisão.
Nesta noite, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC não só acelerou o ritmo da alta da taxa Selic, como também prometeu mais dois aumentos da mesma magnitude nas próximas reuniões. A taxa Selic subiu de 11,25% para 12,25% ao ano. Se a promessa for cumprida, a Selic pode chegar a 14,25%, o pico dos juros no governo de Dilma Rousseff.
Haddad também foi questionado sobre o pacote fiscal em tramitação no Congresso Nacional. O ministro afirmou que, na sua opinião, uma semana seria suficiente para que as medidas fiscais sejam aprovadas nas duas Casas. Ele ainda afirmou que o ajuste fiscal, estimado em R$ 70 bilhões até 2026, foi o valor considerado viável do ponto de vista político.
“Esse tipo de coisa é difícil de processar no Congresso Nacional. A gente mandou um ajuste que consideramos adequado e viável politicamente. Você pode mandar o dobro para lá, mas o que vai sair é o que importa”, disse o ministro.
Haddad ainda reconheceu a possibilidade de mudanças no texto do projeto. “Se precisar melhorar a redação em algo, vai ser melhorada a redação. Nós estamos confiantes de que vamos alcançar aqueles valores”, completou.
Nas redes sociais, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, chamou de "irresponsável, insana e desastrosa" a decisão do BC de aumentar a Selic. Gleisi ainda afirmou que a alta de 1 ponto a mais vai custar cerca de R$ 50 bilhões à dívida pública.
"O BC está ignorando o esforço e sacrifício do governo em tomar medidas fiscais, que já estão no Congresso, para limitar o crescimento da despesa", escreveu a presidente do PT, voltando a criticar o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Gleisi, no entanto, não mencionou o nome de Gabriel Galíplo, indicado por Lula para o BC, que também votou favoravelmente à alta de 1 ponto percentual, assim como os outros diretores nomeados pelo presidente.