Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 15 de outubro de 2025 às 05h41.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne nesta quarta-feira, 15, com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para discutir o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026.
A votação do PLDO estava prevista para ocorrer nesta terça-feira, mas foi adiada a pedido de Haddad. O ministro pretende discutir as receitas frustadas com Alcolumbre.
O encontro ocorre após a Câmara do Deputados derrubar a Medida Provisória (MP) alternativa ao IOF que ampliava a tributação sobre sites de apostas, as "bets",fintechs e letras de crédito, além de cortar gastos.
A falta de votação da MP criou um rombo fiscal de R$ 46 bilhões, sendo R$ 15 bilhões em 2025 e R$ 30 bilhões em 2026.
O governo defendia a medida como essencial para bater a meta de 2026. A oposição afirmou que a gestão petista utilizaria os recursos para turbinar programas sociais em ano eleitoral.
A LDO é a lei que fixa a meta fiscal a ser perseguida pela equipe econômica ao longo do ano, além de trazer uma série de diretrizes orçamentárias.
Para 2026, o governo sugeriu uma meta de superávit de 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto), equivalente a R$ 34,3 bilhões. O ministro negou que o governo esteja considerando mudar a meta fiscal de 2026.
Economistas ouvidos pela EXAME, apontaram que o atual cenário coloca a revisão da meta como algo “inevitável”.
Outro ponto que deve ser debatido na reunião será o cronograma de pagamento de emendas. O texto da LDO em tramitação define que o governo federal será obrigado a pagar essas emendas até o fim do primeiro semestre do ano. Os prazos para análise e empenho também seriam reduzidos. Com isso, a possibilidade de manobra do governo ficaria reduzida em ano eleitoral.
Na terça-feira, durante ausência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o ministro defendeu que parte da Medida Provisória (MP), que caducou após falta de votação na Câmara dos Deputados, volte a ser discutida no Congresso.
Haddad disse que recebeu "acenos de parlamentares para corrigir o que aconteceu".
"Estamos aguardando a volta do presidente da República hoje. Amanhã devemos começar a trabalhar o tema. Mas já recebi de vários parlamentares acenos no sentido de corrigir o que aconteceu", afirmou.
O chefe da Fazenda disse ainda que deve debater o assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes de apresentar o plano do governo.
"Eu acredito que daqui para o final do ano vai haver uma compreensão de que temos um orçamento encaminhado com alguns pressupostos, e a MP alternativa ao IOF era um pressuposto importante, porque ela era muito justa, inclusive em relação aos títulos isentos", disse.
Para 2025, o ministro já adiantou que pode ocorrer um corte de R$ 7 bilhões em emendas para compensar a derrubada da MP.