Economia

Haddad se reúne com Alcolumbre para discutir Orçamento de 2026 em meio a rombo de R$ 46 bi

O encontro ocorre após a Câmara do Deputados derrubar a MP alternativa ao IOF e o governo precisar cobrir um rombo de R$ 46 bilhões

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 15 de outubro de 2025 às 05h41.

Última atualização em 23 de outubro de 2025 às 14h00.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne nesta quarta-feira, 15, com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para discutir o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026.

A votação do PLDO estava prevista para ocorrer nesta terça-feira, mas foi adiada a pedido de Haddad. O ministro pretende discutir as receitas frustradas com Alcolumbre.

O encontro ocorre após a Câmara dos Deputados derrubar a Medida Provisória (MP) alternativa ao IOF que ampliava a tributação sobre sites de apostas, as "bets",fintechs e letras de crédito, além de cortar gastos.

A falta de votação da MP criou um rombo fiscal de R$ 46 bilhões, sendo R$ 15 bilhões em 2025 e R$ 30 bilhões em 2026.

O governo defendia a medida como essencial para bater a meta de 2026. A oposição afirmou que a gestão petista utilizaria os recursos para turbinar programas sociais em ano eleitoral.

A LDO é a lei que fixa a meta fiscal a ser perseguida pela equipe econômica ao longo do ano, além de trazer uma série de diretrizes orçamentárias.

Para 2026, o governo sugeriu uma meta de superávit de 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto), equivalente a R$ 34,3 bilhões. O ministro negou que o governo esteja considerando mudar a meta fiscal de 2026.

Economistas ouvidos pela EXAME, apontaram que o atual cenário coloca a revisão da meta como algo “inevitável”.

Outro ponto que deve ser debatido na reunião será o cronograma de pagamento de emendas. O texto da LDO em tramitação define que o governo federal será obrigado a pagar essas emendas até o fim do primeiro semestre do ano. Os prazos para análise e empenho também seriam reduzidos. Com isso, a possibilidade de manobra do governo ficaria reduzida em ano eleitoral.

Aceno de parlamentares para volta da MP sobre bets e letras de crédito

Na terça-feira, durante ausência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o ministro defendeu que parte da Medida Provisória (MP), que caducou após falta de votação na Câmara dos Deputados, volte a ser discutida no Congresso.

Haddad disse que recebeu "acenos de parlamentares para corrigir o que aconteceu".

"Estamos aguardando a volta do presidente da República hoje. Amanhã devemos começar a trabalhar o tema. Mas já recebi de vários parlamentares acenos no sentido de corrigir o que aconteceu", afirmou.

O chefe da Fazenda disse ainda que deve debater o assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes de apresentar o plano do governo.

"Eu acredito que daqui para o final do ano vai haver uma compreensão de que temos um orçamento encaminhado com alguns pressupostos, e a MP alternativa ao IOF era um pressuposto importante, porque ela era muito justa, inclusive em relação aos títulos isentos", disse.

Para 2025, o ministro já adiantou que pode ocorrer um corte de R$ 7 bilhões em emendas para compensar a derrubada da MP.

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