Conforme Haddad, o Itamaraty está em contato com Trump para uma tentativa de negociação
Redatora
Publicado em 11 de fevereiro de 2025 às 19h14.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira, 11, que a medida do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tarifar em 25% o aço e o alumínio importados pelo país "não é uma decisão contra o Brasil".
“Nós estamos acompanhando. Primeiramente, sabendo a minúcia da decisão. Em segundo lugar, observando quais implicações isso vai ter, porque não é uma decisão contra o Brasil, é uma coisa genérica para todo mundo. Então observamos as reações da China, do Canadá, do México nesse respeito”, afirmou Haddad.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) está centralizando decisões sobre o tema para que posteriormente elas sejam levadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo declarou o chefe da Fazenda. Ele disse ainda que o Itamaraty está em contato com a Casa Branca para uma tentativa de negociação. Mas informou não saber a disposição do governo americano para tal no momento.
Para o Ministro, a medida é um retrocesso. “A avaliação é de que medidas unilaterais desse tipo são contraproducentes para a melhoria da economia global, a economia global perde com essa retração, esta desglobalização que está acontecendo”, disse o ministro da Fazenda.
Haddad apontou que ainda não se reuniu com os setores de aço e alumínio desde que a medida das tarifas foi tomada por Trump. O encontro deve acontecer após a volta de uma viagem que tem marcada para o Oriente Médio nesta semana.
Governo buscará negociação conjunta com países afetados por taxação dos EUA ao aço e ao alumínioSegundo auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a estratégia de negociar em conjunto deve reduzir a margem para retaliações individuais das nações sobretaxadas. A ideia é encontrar uma solução que pode ser semelhante à adotada em 2018.
No primeiro mandato, o republicano também anunciou tarifas de 25% sobre aço e de 10% sobre alumínio. A medida, contudo, nunca chegou a funcionar com força total. Canadá e México foram isentos da taxa por estarem dentro do acordo de livre comércio da USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá).
Outros países, como Brasil, Argentina, Coreia do Sul e Austrália, entraram em um sistema de cotas que, quando excedidas, resultam em sobretaxas.
A estratégia brasileira, entretanto, pode esbarrar em reações dos demais países afetados. A União Europeia prometeu responder às tarifas de 25% que Trump decidiu impor às importações de aço e alumínio. O Canadá também reagiu às novas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos.
"Lamento profundamente a decisão dos EUA de impor tarifas sobre as exportações europeias de aço e alumínio", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em um comunicado emitido nesta terça-feira. “Tarifas injustificadas sobre a UE não ficarão sem resposta — elas desencadearão contramedidas firmes e proporcionais”.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que o país buscará destacar o impacto negativo das tarifas dos Estados Unidos sobre aço e alumínio e que – se necessário – a resposta do Canadá será firme e clara. Trudeau descreveu essas tarifas como "inaceitáveis."
"Os canadenses se posicionarão com força e determinação, se for preciso", disse Trudeau, que participa da cúpula de inteligência artificial em Paris.