Fernando Haddad, ministro da Fazenda (Hollie Adams/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 15 de abril de 2024 às 15h41.
Última atualização em 15 de abril de 2024 às 16h40.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 15, que a equipe econômica tem trabalhado para retomar o patamar de 18,5% de arrecadação em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).
Ele disse ainda que continuarão sendo revistos os gastos tributários para equalizar as contas públicas de uma forma que a despesa caia menos que 19% e ainda assim seja possível cumprir as regras fiscais.
Às vésperas da divulgação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2025, Haddad reforçou que o quadro de déficit não é novidade no País e que desde 2015 o Brasil enfrenta este cenário estrutural nas contas públicas.
O ministro repetiu que o esforço é para colocar ordem no quadro fiscal.
Haddad citou ainda que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a revisão da vida toda permitiu manter a meta primária de déficit zero em 2025, que será divulgada às 16h30 (de Brasília) no PLDO.
Ele afirmou que, sem essa medida, haveria déficit nas contas no ano que vem.
O ministro da Fazenda ressaltou também dados positivos da economia, como o cenário do mercado de trabalho, enquanto, segundo ele, há um controle da inflação. Para Haddad, esse contexto deve fazer com que estabilização da dívida e das contas públicas seja alcançada de forma mais "simples".
"Os núcleos estão bem controlados, as coisas estão controladas. Se crescermos com inflação dentro da meta, a questão da dívida fica sendo mais simples. Tudo que a gente quer é que a estabilidade (da dívida) venha antes", disse Haddad em entrevista à GloboNews.
O ministro também comentou que há um desafio grande no cenário externo, mas ainda não aprofundou sua análise sobre esse aspecto.
Haddad afirmou ainda que não há como negar que o patamar do juro norte-americano influencia a economia brasileira e avaliou não ser "pouca coisa pagar 5,5% de juro ao ano em dólar".
O ministro ponderou, no entanto, que ainda há espaço para o Banco Central brasileiro promover cortes na taxa Selic, hoje em 10,75%.
"Temos espaço na política monetária. 10,75% (juro no Brasil) contra 5,5%, 5,25% (juro norte-americano), ainda temos um caminho para cortar juros, mas todo mundo fica preocupado com a taxa terminal", avaliou o ministro.
Em relação à taxa terminal dos juros, ou seja, quando o BC brasileiro irá parar de reduzir a Selic, o ministro disse que essa pergunta surgirá mais forte no segundo semestre e que isso vai depender do quanto o cenário econômico poderá avançar.
Haddad disse que será preciso acompanhar ainda a situação do banco central norte-americano, além do europeu, que sinalizou que possivelmente iniciará antes o corte de juros. Segundo ele, a revisão de projeções no corte de juros nos EUA tem causado apreensão no mercado.
Haddad repetiu, no entanto, que a economia brasileira cresce com baixa inflação e que, se há preocupação com a trajetória da dívida, não basta apenas focar em fiscal, mas reforçou que o crescimento tem peso relevante.
Ele avaliou ainda que as reservas cambiais brasileiras blindam a economia e disse que terá um desafio no G20 de encontrar caminhos e soluções para países endividados.