Fernando Haddad discursa em Washington sobre a revisão de gastos do governo brasileiro (Ton Molina/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 24 de outubro de 2024 às 15h20.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira, 24, que a revisão de gastos defendida pela equipe econômica do governo se trata de um reforço no arcabouço fiscal. Segundo ele, a medida não se refere a bloqueios ou contingenciamentos no orçamento de ministérios específicos.
Em Washington, nos Estados Unidos, Haddad foi questionado sobre uma possível resistência de outros ministérios da Esplanada, já que o plano de revisão de gastos está atualmente concentrado apenas no Ministério da Fazenda.
“Não é um programa. A Fazenda trabalha com questões estruturais, o arcabouço fiscal é uma questão estrutural, o reforço do arcabouço fiscal é uma questão estrutural. É diferente de fazer bloqueios e contingenciamentos, que são momentâneos, para garantir o cumprimento da lei aprovada pelo governo”, disse em conversa com jornalistas.
Haddad destacou que o corte de gastos "não diz respeito" a nenhum ministério específico. “Tem questões que são conjunturais, como bloqueio e contingenciamento, e questões estruturais. Estamos focados nas questões estruturais, que não se referem a este ou aquele ministério”, completou.
A prévia da inflação de outubro, medida pelo IPCA-15, mais que dobrou em relação a setembro, subindo para 0,54% após uma alta de 0,13% no mês anterior. Em Washington, Haddad garantiu que a inflação encerrará o ano dentro da meta do governo, que é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5% a 4,5%.
“Embora os núcleos tenham mostrado variação superior à esperada, no acumulado do ano, esperamos que a inflação fique dentro da meta”, disse Haddad. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o avanço foi influenciado pelo aumento de 5% na conta de luz, devido à mudança da bandeira tarifária pela Aneel, e pela alta nos preços dos alimentos.
“No meu ponto de vista, isso está mais relacionado ao câmbio e à seca do que a um impulso maior de preços”, completou o ministro.
Haddad está em Washington para participar das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, além do último encontro dos ministros de finanças do G20, presidido pelo Brasil neste ano. Em seu discurso na reunião ministerial do G20, Haddad defendeu que os super-ricos paguem sua cota justa em impostos para reduzir a desigualdade, financiar projetos climáticos e aumentar o investimento em preparação e resposta a pandemias.