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Haddad defende fim de restrições comerciais unilaterais ao FMI e destaca compromisso com a meta

Internamente, ministro disse que Selic "nem deveria estar em 15%"

Haddad: ministro é contra decisões unilaterais  (Diogo Zacarias/MF/Flickr)

Haddad: ministro é contra decisões unilaterais (Diogo Zacarias/MF/Flickr)

Agência o Globo
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Publicado em 15 de outubro de 2025 às 14h15.

Em meio ao tarifaço promovido pelos Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu o fim das restrições comerciais unilaterais para preservar o crescimento global em carta enviada ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Nesta semana, ocorre o encontro de outono do fundo, em Washington (EUA), e Haddad cancelou sua participação em meio às discussões sobre as alternativas para fechar o orçamento de 2026 depois do revés com a medida provisória (MP) que previa aumento de impostos e corte de gastos.

Na carta, o ministro ainda reconheceu que a inflação no Brasil está acima da meta e que, como consequência, a política monetária está em terreno contracionista, "reforçando o compromisso inabalável" do Banco Central em cumprir o objetivo inflacionário. No âmbito fiscal, Haddad argumentou que o ajuste feito nos últimos anos não se baseou apenas em "medidas de qualidade" do lado da receita, mas também em racionalização de gastos.

Cenário internacional

Em relação ao cenário internacional, Haddad afirmou que as tensões comerciais geradas por "medidas unilaterais" têm prejudicado diferentes países e vem "alimentando níveis recordes de incerteza". Segundo o ministro, isso compõe um cenário desafiador crescimento de longo prazo, inflação persistente, juros mais altos por mais tempos e crescentes vulnerabilidades na dívida pública, tudo isso agravado pela crise climática.

O Brasil é um dos países mais prejudicados pela imposição de tarifas de importação pelo governo dos Estados Unidos, mas tenta uma negociação com a administração de Donald Trump.

"A remoção de restrições comerciais unilaterais e a restauração de estruturas previsíveis e baseadas em regras são essenciais para salvaguardar o crescimento global. Além do comércio, o reforço da cooperação também é fundamental para enfrentar desafios globais compartilhados, como as mudanças climáticas, o aumento da desigualdade e os elevados níveis de dívida", defendeu Haddad no documento.

No âmbito da economia brasileira, o ministro considerou que a atividade econômica está agora próxima de seu potencial, após exceder as expectativas de crescimento por vários anos. Haddad saudou o aumento da projeção do FMI para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro este ano, de 2% para 2,4%, e destacou que o crescimento sustentado reflete a resiliência da economia local apesar do cenário global desafiados e das tensões comerciais.

Haddad também pontuou que o momento positivo da economia brasileira é confirmado pela queda no desemprego e na desigualdade de renda, com ambos indicadores nos níveis mais baixos das séries históricas.

Por outro lado, o ministro reconheceu que o núcleo de inflação (dado que indica a tendência) continua relativamente elevado, apontando para pressões subjacentes persistentes, enquanto as expectativas de inflação no Brasil estão acima da meta.

"Dessa forma, a política monetária permanece em território contracionista, reforçando o compromisso inabalável do Banco Central do Brasil em cumprir a meta e reancorar as expectativas."

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