Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (Eduardo Frazão/Exame)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 9 de outubro de 2023 às 11h52.
Última atualização em 9 de outubro de 2023 às 12h55.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 9, que, com a piora do cenário externo, o desafio é fazer com que a agenda interna de reformas evolua o mais rápido possível para proteger a economia brasileira. Ele ainda disse que deseja que o Congresso tenha no segundo semestre o mesmo ritmo de votações da primeira metade do ano, com aprovações de diversas propostas de interesse do governo. As declarações foram feitas durante coletiva sobre a nova fase do Desenrola.
Segundo o ministro, a expectativa é de que o projeto que tributa fundos exclusivos e offshores seja apreciado pela Câmara na próxima semana, após o feriado.
"Não tenho do que me queixar do Congresso. Ninguém imaginava, no primeiro semestre, que conseguiríamos pautar tantas reformas. Desejo que tenhamos um segundo semestre como foi o primeiro. Se fosse pedir alguma coisa, seria pedir para que Congresso se reúna no fim do ano para aprovarmos essa agenda definida", disse.
O ministro destacou que os juros nos Estados Unidos, o preço do petróleo e a desaceleração da China são fatores não estão ao alcance do governo brasileiro e, com isso, é necessário celeridade para aprovar as reformas internas. Além disso, Haddad disse que tem falado semanalmente com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tratar da pauta de votações da Casa.
Como mostrou a EXAME, técnicos do Ministério da Fazenda e do Ministério do Planejamento estão preocupados com a demora para a aprovação das medidas necessárias para recompor as receitas e zerar o déficit fiscal — ou chegar o mais perto possível desse resultado.
Após um primeiro semestre de lua de mel, a relação entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) azedou, relatam pessoas próximas aos dois. Lira não gostou da declaração de Haddad de que a Câmara tem muitos poderes. Com isso, a boa relação que resultou na aprovação de diversos projetos na Câmara no primeiro semestre foi por água abaixo e as conversas e costuras entre os dois se tornaram reuniões protocolares
Para piorar, enquanto o governo busca mais de R$ 168 bilhões em receitas para zerar o déficit primário em 2024, alguns projetos em tramitação no Congresso ameaçam aumentar as despesas públicas ou representam renúncia fiscal. Levantamento da EXAME mapeou que somente cinco propostas têm potencial de impactar o Orçamento do próximo ano em pelo menos R$ 92,8 bilhões.