Guerra comercial: economistas estão preocupados que a guerra entre as duas maiores economias prejudique o mundo (Pool/Getty Images)
Reuters
Publicado em 19 de abril de 2018 às 11h07.
Última atualização em 19 de abril de 2018 às 11h10.
A economia global vai avança neste ano, expandindo no ritmo mais rápido desde 2010, mas o protecionismo comercial tem o potencial de esgotá-la rapidamente, sugere pesquisa da Reuters com mais de 500 economistas em todo o mundo.
O risco de uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a China ameaça conter o ímpeto econômico criado por anos de estímulo. Essa foi a maior preocupação dos economistas, estrategistas de câmbio e do mercado de títulos consultados pela Reuters.
Na mais recente pesquisa econômica global, três quartos dos mais de 250 economistas disseram estar preocupados que a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo prejudique significativamente a economia global. Vinte e três entrevistados disseram estar muito preocupados.
"Em nossa opinião, o risco de uma guerra comercial iminente e total parece limitado. Por outro lado, o crescente protecionismo é atualmente a maior dificuldade enfrentada pela economia global", disseram economistas do CA-CIB. "Mais importante, as preocupações protecionistas aumentaram de forma significativa nos últimos três meses."
Ainda assim, o crescimento global deve ficar em média em 3,8 por cento este ano, o mais alto desde o início das pesquisas para este período em outubro de 2016. Esse seria o crescimento mais rápido desde os 4,3 por cento registrados em 2010.
A expectativa é mais baixa do que a projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) de 3,9 por cento. Mas o FMI também alertou que as crescentes disputas comerciais podem prejudicar o crescimento global.
A disputa vai prejudicar as economias em todo o mundo de acordo com quase 90 por cento dos 230 economistas que responderam a uma pergunta separada sobre o impacto regional da atual briga comercial.
A disputa comercial vai prejudicar economias em todo o mundo, das Américas à Europa e Ásia, de acordo com quase 90 por cento dos 230 economistas que responderam a uma pergunta separada sobre o impacto regional do embate.
A expectativa é de que restrinja o crescimento econômico da zona do euro, assim como a economia dos EUA, diminuindo o esperado impulso ao crescimento do estímulo fiscal do governo.
Ainda assim, a visão sobre a inflação e a trajetória da taxa de juros para os principais bancos centrais permaneceu praticamente inalterada. O dilema para os banqueiros centrais continua o mesmo: a inflação é modesta e, na maioria dos casos, abaixo da meta apesar das expectativas de crescimento sólido e desemprego baixo.
Uma década depois da crise financeira global e no final do ciclo econômico, as decisões estão bem equilibradas entre a necessidade de elevar as taxas de juros baixas e não elevá-las muito rapidamente, o que pode trazer à tona a próxima recessão.
Depois de elevar os juros em março pela sexta vez no ciclo atual, são esperados mais três aumentos pelo Federal Reserve neste ano. O Banco Central Europeu deverá encerrar suas compras de ativos mensais de 30 bilhões de euros até o final do ano e aumentar as taxas no segundo trimestre de 2019.
O otimismo com o crescimento econômico sólido inclui as economias emergentes, com expectativa de que a Índia mantenha o primeiro lugar como a economia que mais cresce. As maiores economias da África Subsaariana também devem se beneficiar de uma alta global neste ano.
Mas uma onda de otimismo de um ano sobre as perspectivas econômicas de longo prazo do Brasil estão diminuindo com o ceticismo sobre o destino das reformas estruturais após as eleições presidenciais deste ano.