"Pedimos aos Estados Unidos e à China para ajustar seus acordos comerciais imediatamente para evitar essa catástrofe", disseram os autores desse estudo (Ricardo Lima/Getty Images)
EFE
Publicado em 27 de março de 2019 às 16h35.
Londres — A área dedicada à produção de soja no Brasil pode crescer 39% em decorrência da guerra comercial entre Estados Unidos e China, o que poderia provocar um aumento excessivo do desmatamento na Amazônia, prevê um estudo divulgado nesta quarta-feira pela revista "Nature".
O autor da análise, Richard Fuchs, do Instituto de Tecnologia de Garmisch-Partenkirchen, na Alemanha, explicou que a situação poderia provocar a destruição de 13 milhões de hectares de floresta, uma área que seria equivalente ao tamanho da Grécia.
Para chegar à conclusão, Fuchs e outros pesquisadores utilizaram as últimas informações da plataforma FAOSTAT, que reúne o maior arquivo mundial de dados sobre séries agrícolas.
No ano passado, os EUA aplicaram 25% de tarifas sobre produtos importados da China. O governo de Xi Jiping respondeu, taxando produtos americanos, entre eles a soja produzida no país.
Como consequência, as exportações da soja americana para a China caíram 50%, o que deixa o governo chinês com duas opções: ampliar a produção própria da oleaginosa ou comprar mais de outros produtores.
Segundo Fuchs, a última opção é a mais provável. Por isso, o Brasil poderá ampliar "substancialmente" sua produção.
"Pedimos aos Estados Unidos e à China para ajustar seus acordos comerciais imediatamente para evitar essa catástrofe", disseram os autores desse estudo.
"Governos, produtores, reguladores e consumidores devem atuar agora para prevenir que a Amazônia se transforme na maior vítima da guerra comercial entre EUA e China", concluíram os autores.