Economia

Guedes propõe comissão com empresários para discutir reforma tributária

Ministro ouviu reclamações e propostas de nomes ligados ao setor de serviços; parte dos presentes apoiam Bolsonaro

Paulo Guedes: o ministro disse durante a reunião que quer calibrar a redução do Imposto de Renda para empresas com a alíquota de 20% que será cobrada sobre os dividendos (Adriano Machado/Reuters)

Paulo Guedes: o ministro disse durante a reunião que quer calibrar a redução do Imposto de Renda para empresas com a alíquota de 20% que será cobrada sobre os dividendos (Adriano Machado/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 16 de julho de 2021 às 20h54.

Última atualização em 16 de julho de 2021 às 20h57.

Após enfrentar uma série de críticas à reforma tributária, o ministro da Economia,  Paulo Guedes, voltou a se reunir nesta sexta-feira (16) com empresários para discutir alterações ao projeto. No encontro, foi definida a criação de uma comissão formada por empresários e advogados tributaristas para debater sugestões de mudanças ao texto. Segundo participantes da reunião, Guedes se comprometeu a se encontrar com essa comissão em São Paulo toda semana.

A reunião com empresários e representantes do setor de serviços no escritório mantido pelo Ministério da Economia em São Paulo durou pouco mais de 1h30. O ministro ouviu críticas e propostas. Pouco mais de 20 pessoas foram ao compromisso e a maioria usou máscaras para evitar o contágio da covid-19, segundo participantes. Parte do empresariado presente no encontro apoia o presidente Jair Bolsonaro, como Meyer Nigri, da Tecnisa, e Alberto Saraiva, do Habib's. Ambos discursaram, segundo os presentes.

Gabriel Kanner, do Brasil 200, movimento que reúne grandes empresários próximos a Bolsonaro, afirma que o próprio ministro Guedes admitiu que a proposta de reforma teve forte oposição da iniciativa privada, e se mostrou apto a modificar a reforma.

— O setor produtivo sempre apoiou muito o ministro Guedes por sua agenda liberal, mas esta proposta de reforma tributária do governo repercutiu muito mal porque representa aumento de carga tributária. O próprio Guedes falou na reunião que se teve uma reação tão forte (do empresariado), vão parar e analisar (no governo os questionamentos) — diz Kanner.

Entre os participantes, havia integrantes de federações e associações que representam setores como trabalho temporário, asseio e conservação, vigilantes, escolas particulares, segurança privada e comércio. Ao todos, segundo balanço das entidades, elas falam em nome de cerca de 12 milhões de trabalhadores e 950 mil empresas.

— O ministro se mostrou aberto ao diálogo com o setor de serviços, que era o que estava faltando — disse João Diniz, presidente da Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse).

Sobre a preocupação que o governo tem com a pejotização, com a aprovação de cobrança de 20% de imposto sobre lucro e dividendos, Diniz afirmou que a melhor forma de evitar isso é reduzir a carga tributária sobre o faturamento.

Guedes disse durante a reunião que quer calibrar a redução do Imposto de Renda para empresas com a alíquota de 20% que será cobrada sobre os dividendos.

Diniz apresentou ao ministro um estudo com propostas para simplificar o sistema tributário do país. Em outro momento da conversa, empresários criticaram ideias, como a taxação de dividendos e até mesmo o momento da discussão.

— Como entidade, achamos que o momento não é adequado para discutir reforma tributária, estamos no meio ainda de uma pandemia, as pequenas e médias empresas sofreram muito. Preferiríamos ter a reforma administrativa primeiro — disse Alfredo Cotait, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Renato Fortuna, presidente da Federação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Limpeza e Conservação (Febrac) afirmou que Guedes mostrou disposição em corrigir distorções na proposta entregue ao Congresso. Para seu setor, ele defende a desoneração da folha de pagamento.

— Nosso setor é intensivo em mão de obra e a desoneração da folha é importante — defendeu Fortuna, cuja associação representa 42 mil empresas e 2 milhões de trabalhadores espalhados por 26 categorias.

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