Guedes: ministro disse que "gostaria" de uma reforma tributária para este ano e agradeceu Arthur Lira (Isac Nóbrega/PR/Flickr)
Da Redação
Publicado em 22 de fevereiro de 2022 às 10h11.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2022 às 17h53.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que ocorre uma "revolução silenciosa" com privatizações, marcos regulatórios e cortes de gastos no Brasil, e que a arrecadação brasileira segue subindo apesar dos avanços da variante ômicron.
O ministro falou em participação no CEO Conference, evento do BTG Pactual que teve início nesta terça-feira, 22.
Guedes disse que houve corte de despesas de um lado, após a expansão fiscal em 2020, e investimentos via privatizações e leilões de outro.
Para o ministro, neste cenário, o Brasil "está condenado a crescer" na próxima década, devido a, segundo ele, mais de 800 bilhões de reais em investimentos previstos para os próximos 10 ou 12 anos diante das privatizações e marcos regulatórios, como no setor de gás.
Nas perspectivas deste ano, o ministro adiantou que houve alta real de 16% na arrecadação em fevereiro e que a atividade econômica segue positiva - os dados do mês ainda serão divulgados nos próximos dias.
No ano de 2021, após queda do PIB em 2020 e com altas no preço do petróleo e energia elétrica, a arrecadação foi a maior em duas décadas. Mas com combinação entre inflação e juros altos, a previsão é que o Brasil tenha crescimento do PIB de 0,3% em 2022, abaixo da média mundial.
As projeções para inflação também seguem subindo, hoje em 5,56% para 2022 no boletim Focus e acima do teto meta do Banco Central, apesar das altas recentes na taxa Selic.
"Eu acho que todo mundo vai passar o ano fazendo revisão para cima", disse Guedes, defendendo que os resultados do Brasil serão mais positivos do que as expectativas.
O ministro comemorou o superávit primário do setor público em 2021, o primeiro em oito anos e resultado da alta de arrecadação, e que, segundo Guedes, vem do fato de o governo ter "tomado o controle do Orçamento público". Na fala, o ministro agradeceu ao presidente da Câmara, Arthur Lira, aliado do governo do presidente Jair Bolsonaro e também presente no evento.
Para 2022, o déficit primário deve terminar o ano na casa de 0,4% ou 0,5% do PIB, afirmou Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, o que o economista afirma ser um patamar acima das expectativas.
Guedes afirmou que ainda "gostaria de uma reforma tributária para este ano", e que o Congresso está comprometido a avançar na agenda de reformas mesmo em ano eleitoral. As propostas de reforma tributária não caminharam no ano passado.
O ministro mencionou ainda uma possível redução do IPI "em 25%", projeto que é discutido no Congresso, e afirmou que será possível começar um movimento de "reindustrialização brasileira" com redução de carga tributária.
"Esse excesso de arrecadação [de 2021] não é para inchar a máquina de novo. Nós preferimos transferir esse ganho de arrecadação em forma de redução de impostos", disse.
Dentre os destaques, o ministro disse ainda que o governo planeja um projeto para gerar 2 milhões de novos empregos e programa de crédito a PMEs. Citou também a possibilidade de novos saques do FGTS, embora não tenha confirmado a iniciativa ou prazos.
"Há várias iniciativas daqui até o fim do ano que podem ajudar a economia a crescer", disse Guedes. "Vamos trabalhar até o último dia. É um governo de reformas."
Sobre o aumento da pobreza, afirmou que o auxílio emergencial mostrou que o "grau de desigualdade pode ser removido rapidamente" quando há desejo político.
Em sua visão, o caminho para que isso continue acontecendo são as privatizações, via redução da dívida, de modo que há no ano seguinte mais recursos.
"Vendeu uma estatal? Pega 20%, 30% da redução de dívida e investe em fundo de erradicação de pobreza", disse. O ministro não mencionou, no entanto, se o governo Jair Bolsonaro pretende uma medida do tipo caso seja reeleito. Guedes saldou o projeto do auxílio emergencial, e disse que o plano está de acordo com as ideias de Milton Friedman, um dos principais economistas liberais.
O CEO Conference reúne nestes dias 22 e 23 de fevereiro os principais líderes empresariais, políticos e da sociedade civil do Brasil. Este ano, o principal objetivo da reunião será debater os desafios do país e as principais tendências em economia, política e tecnologia para 2022. O evento é organizado pelo BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME).
Entre os participantes confirmados estão o presidente da República, Jair Bolsonaro, e os pré-candidatos João Doria (PSDB), governador do Estado de São Paulo, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro (Podemos), e o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT).
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