Guedes procurou deixar claro que a regulamentação da meta para a dívida não tem relação com o aumento de gastos com o programas sociais (Washington Costa/ASCOM/ME/Flickr)
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de agosto de 2022 às 09h30.
Na discussão sobre uma banda de flutuação para a dívida publica, que funcionaria como uma nova âncora fiscal para o País, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem preferência por uma margem de tolerância de 10 pontos porcentuais. O modelo em estudo pelos técnicos do ministério para a nova regra, como revelou o Estadão na terça-feira, 9, é inspirado no sistema de metas de inflação adotado pelo Banco Central a partir de 1999.
O ministro citou uma banda entre 50% e 70% para a relação entre a dívida bruta e o Produto Interno Bruto (PIB). Nesse caso, o alvo central seria 60%, patamar da dívida de países emergentes, como o Brasil, mas que têm grau de investimento, o selo de bom pagador conferido pelas agências de classificação de risco.
Guedes procurou deixar claro que a regulamentação da meta para a dívida não tem relação com o aumento de gastos com o programas sociais, incluído em Proposta de Emenda Constitucional (PEC) aprovada pelo Congresso. A regra, incluída em emenda constitucional aprovada no ano passado, não significa abandono do teto de gastos (trava que existe para o crescimento das despesas com base na inflação). De lá para cá, os técnicos vêm se debruçando na melhor proposta.
"Teto é bandeira, não é dogma", afirmou. O ministro disse que não abre mão do teto de gastos, mas não descarta ajustes. Segundo ele, o arcabouço fiscal ganhará ferramentas adicionais de controle. O desenho final não está fechado. No sistema de metas, o BC controla a inflação por meio da política de alta ou queda da taxa Selic, os juros básicos da economia brasileira.
No caso da política fiscal, a dívida não é o instrumento, mas o alvo. Entre as ferramentas, ele citou uma "arquitetura" fiscal mais ampla que inclui não somente o resultado primário e o controle dos gastos, mas também variáveis como receitas de privatização para a diminuição da dívida, como aconteceu recentemente com a venda da Eletrobras. Essas receitas extraordinárias permitiram ao governo, segundo ele, aumentar os gastos no curto prazo sem prejudicar a trajetória de queda da dívida.
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