Economia

Um dia após citar AI-5, Guedes diz que democracia brasileira é "vibrante"

Em conferência no Peterson Institute for International Economics, em Washington, ministro disse também que o Brasil "preserva florestas como ninguém"

Paulo Guedes, ministro da Economia: declarações sobre AI-5 foram amplamente criticadas (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Paulo Guedes, ministro da Economia: declarações sobre AI-5 foram amplamente criticadas (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 26 de novembro de 2019 às 15h13.

Última atualização em 26 de novembro de 2019 às 17h02.

Brasília —  Um diz após declarar a jornalistas que "não se assustem se alguém pedir o AI-5", o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou em conferência no Peterson Institute for International Economics, em Washington DC que a democracia no Brasil é "vibrante".

"O que você ouve fora é que é uma bagunça, há uma convulsão social. E eu sempre disse: não prestem atenção, é uma democracia vibrante, com poderes independentes", afirmou nesta terça-feira (26).

Sem citar Lula, o ministro voltou a dizer que é compreensível que as pessoas vão para as ruas e que esse é o jogo da democracia, mas, quando, após alguns governos pacíficos, "um governo da oposição entra e as pessoas começam a sair nas ruas e quebrar tudo, você começa a olhar as coisas de forma diferente. Não somos ingênuos."

A economista Monica De Bolle, pesquisadora do Peterson Institute e que estava na plateia nesta terça-feira, diz que faltou foco ao ministro brasileiro:

“A plateia esperava um conteúdo econômico mais denso, e não um discurso vago sobre o Brasil do futuro”, afirma. “Chamou a atenção o fato de Guedes não ter falado em desigualdade e mobilidade social, e de não ter ponderado as dificuldades políticas de suas propostas."

O ministro começou seu discurso falando dos projetos de emenda constitucional (PECs) enviados ao Congresso recentemente como parte de um grande pacote de "transformação do Estado", um processo "doloroso e difícil".

Falou também sobre os próximos passos do plano, incluindo a intenção de enviar ao Legislativo projetos de reforma tributária e de aceleração das privatizações.

Meio ambiente

Guedes também classificou como desinformação gerada por interesses políticos as reclamações e denúncias sobre a negligência do governo na área de meio ambiente.

"Nós combatemos o desmatamento ilegal de florestas, combatemos as queimadas ilegais, nós vamos ficar no Acordo de Paris. Ninguém tem preservado florestas tão bem quanto nós", disse.

Dados do Prodes, sistema de satélites que faz o monitoramento anual do desmatamento na região, divulgados no último dia 18 mostram que, entre 1º de agosto de 2018 e 31 de julho deste ano, o desmatamento na floresta amazônica brasileira cresceu 29,5% em relação ao período imediatamente anterior. O saldo de de área desmatada é o pior dos últimos 11 anos.

Mercosul

Depois do seu discurso, ao ser questionado pelo apresentador sobre os planos do Brasil para o Mercosul, Guedes disse que o Congresso brasileiro apoia a entrada do país no bloco, mas não deu mais detalhes sobre eventuais planos para o bloco, deixando claro que seu plano no momento é resolver o problema fiscal pelo qual passa o país.

(Com Lucas Amorim, de EXAME)

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