Economia

Guardia defende mínimo sem reajuste real e queria ter feito mais abertura

Ministro da Fazenda do governo de Michel Temer defende que Bolsonaro aproveite reforma da Previdência já em tramitação ao invés de fatiar a proposta

Eduardo Guardia, ministro da Fazenda, durante entrevista em Nova York em abril de 2018 (Victor J. Blue/Bloomberg)

Eduardo Guardia, ministro da Fazenda, durante entrevista em Nova York em abril de 2018 (Victor J. Blue/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 17h08.

Última atualização em 20 de dezembro de 2018 às 17h17.

O novo ministro da Economia, Paulo Guedes, deveria aproveitar o projeto da reforma da Previdência já em tramitação no Congresso Nacional, na avaliação do atual ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.

A proposta contempla todas as mudanças necessárias para o sistema brasileiro e o desgaste de buscar uma aprovação por etapas, como chegou a cogitar o presidente eleito, Jair Bolsonaro, é o mesmo, disse Guardia, em entrevista à Bloomberg.

Para viabilizar a aprovação da reforma, Guardia avalia que o novo governo tem menos de um ano para deixar claro ao mercado e ao Congresso que o assunto é prioridade. “Se eles conseguirem aprovar a Previdência, o capital político se renova.”

Outra sugestão dada a Paulo Guedes é de mexer no funcionalismo público, com o congelamento dos salários dos servidores por dois anos. Na avaliação do atual ministro, atacar esse tema é necessário para assegurar o cumprimento do teto dos gastos, instrumento também defendido pela nova equipe econômica. “Isso é essencial, e eu sugiro também para os governadores.”

Outra medida que ajudaria o cumprimento do teto e que terá de ser enfrentada por Paulo Guedes é a nova fórmula do salário mínimo. “Precisaremos ter um salário mínimo corrigido apenas pela inflação.”

Do ponto de vista fiscal, o atual ministro afirma que a sua equipe entregará um déficit muito menor do que a meta de R$ 159 bilhões estipulada para este ano. Isso acontecerá porque algumas despesas não foram executadas, reduzindo o gasto do governo em 2018.

Entretanto, ele considera um desafio para Guedes zerar o rombo orçamentário em um ano, como o futuro ministro se comprometeu durante a campanha eleitoral.

Em seu gabinete no 5º andar do Ministério da Fazenda, nos últimos dias de seu mandato, Guardia faz uma autocrítica: deveria ter trabalhado mais na abertura comercial do Brasil. "Cheguei a sugerir que essa abertura fosse feita em quatro anos. Independentemente do tempo, é preciso mexer nisso."

Assim que passar o bastão para Paulo Guedes, o atual ministro precisará passar por um período de quarentena. Ele afirma que só irá decidir seu novo rumo profissional a partir do próximo ano.

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