Economia

Greve reduzirá exportações de veículos em 10 a 20 mil unidades em maio

Antes da greve dos caminhoneiros, o setor de veículos do país era um dos poucos atravessando recuperação vigorosa

Greve: paralisação dos caminhoneiros que entrou no nono dia nesta terça-feira deve causar uma queda nas exportações brasileiras de veículos (Washington Alves/Reuters)

Greve: paralisação dos caminhoneiros que entrou no nono dia nesta terça-feira deve causar uma queda nas exportações brasileiras de veículos (Washington Alves/Reuters)

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Reuters

Publicado em 29 de maio de 2018 às 12h23.

Última atualização em 29 de maio de 2018 às 14h50.

São Paulo - A paralisação dos caminhoneiros que entrou no nono dia nesta terça-feira deve causar uma queda nas exportações brasileiras de veículos da ordem de 10 mil a 20 mil unidades em maio e comprometer a meta de exportação de 800 mil veículos este ano, afirmou o presidente da Anfavea, Antonio Megale.

Segundo Megale, que participa de fórum de investimentos em São Paulo e preside a associação que representa as montadoras de veículos instaladas no país, os números de produção e vendas de modelos novos serão "inevitavelmente impactados pela greve dos caminhoneiros" em maio.

Antes da greve dos caminhoneiros, o setor de veículos do país era um dos poucos atravessando recuperação vigorosa. A Anfavea anunciou na semana passada que as montadoras do país pararam suas fábricas na sexta-feira em meio a dificuldades no recebimento de peças e no envio dos veículos prontos às concessionárias.

A indústria brasileira produziu desde janeiro até o final de abril 965,9 mil veículos, o que corresponde a uma média por dia útil de 9.377 unidades. Megale não fez comentários sobre o impacto da greve para a produção ou vendas do setor.

Segundo o consultor Raphael Galante, da consultoria automotiva Oikonomia, as vendas de veículos durante a greve estão 30 a 40 por cento abaixo da média do mês, de 9.400 veículos, por conta de falta de produto nas lojas.

"Final do mês normalmente é período em que as montadoras e lojas costumam acelerar vendas para cumprir metas de licenciamentos", afirmou Galante.

A falta de produto nas lojas decorre em parte de dificuldades no transporte dos modelos prontos. A Sinaceg, principal representante de cegonheiros do país, registra apenas na região do ABC paulista, grande polo produtor de veículos do Brasil, 1.400 caminhões cegonha carregados. com uma média de 11 carros novos cada, esperando a normalização das estradas e do abastecimento de combustível em postos para seguirem viagem.

"Hoje não tem combustível para viajar e se o caminhão sair pode ficar parado na estrada", disse o presidente do Sinaceg, Elias Fazan. "A orientação é que tão logo a situação dos postos de combustíveis seja regularizada e os bloqueios finalizados, os cegonheiros devem voltar para trabalhar", acrescentou, sem poder informar quando o fluxo de caminhões poderá ser normalizado.

Megale, da Anfavea, comentou que espera que "se as coisas começarem a melhorar hoje, acho que dá para as montadoras fazerem turnos extras no final de semana para amenizar os impactos da greve dos caminhoneiros".

Mas o esforço pode não ser compensado, por causa do impacto da paralisação do país sobre a confiança dos consumidores nos próximos meses, disse Galante.

O consultor fez um paralelo com as manifestações de 2013, quando protestos contra aumento de tarifas de transporte público atraíram uma série de demandas de diversas categorias, em um movimento que acabou derrubando a confiança dos consumidores.

"Todo o viés negativo do governo Dilma (Rousseff) começou com a movimentação dos protestos de 2013...A greve dos caminhoneiros pode ser um estopim agora, pode desencadear um momento de maior contenção das pessoas em consumir" nos próximos meses, disse Galante. "O que pega mais (nas vendas de veículos) é o índice de confiança do brasileiro, se ele entrar nessa incerteza vai travar o consumo."

No primeiro quadrimestre, as vendas de veículos novos no Brasil subiram 21 por cento, para 763 mil unidades, em um movimento apoiado em aumento de quase 35 por cento na oferta de crédito, disse o consultor citando dados do Banco Central.

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