Economia

Grécia volta a "normalidade" após reabertura dos bancos

Com a reabertura dos bancos após mais de 20 dias de portas fechadas, a Grécia voltou hoje a uma normalidade da qual, de certa forma, nunca saiu


	Mão segura duas moedas de euro em frente à bandeira da Grécia
 (©AFP / Philippe Huguen)

Mão segura duas moedas de euro em frente à bandeira da Grécia (©AFP / Philippe Huguen)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de julho de 2015 às 17h14.

Atenas - Com a reabertura dos bancos após mais de 20 dias de portas fechadas, a Grécia voltou nesta segunda-feira a uma normalidade da qual, de certa forma, nunca saiu apesar do controle de capital e da instabilidade política.

Pela manhã, nada de extraordinário parecia ocorrer em Atenas, já que apesar de a cidade continuar sob um controle de capital, os caixas eletrônicos estavam praticamente vazios e não havia multidões à espera da reabertura dos bancos. Já em bares, cafeterias e lojas das redondezas, o movimento era intenso.

Lojas e serviços do país adotaram mecanismos para cobrar a partir desta segunda-feira a nova taxa do imposto sobre valor agregado (IVA), que subiu de 13% para 23%, em plena temporada turística.

A Grécia parece hoje um pouco mais longe da constante ameaça de saída do euro, fruto do acordo firmado na última segunda-feira com a União Europeia e do cumprimento das condições impostas pelos credores.

Na quarta-feira, o parlamento aprovou um amplo pacote de reformas que rachou o Syriza, partido que está no poder. O próprio primeiro-ministro, Alexis Tsipras, expressou suas reservas sobre o pacto.

"As medidas não me parecem boas, mas acredito que é importante que os bancos voltem a abrir para se recuperar a normalidade. Precisamos que o dinheiro flua. Eu trabalho e tenho que pagar minhas contas. Com os bancos fechados, minha vida inteira muda", disse Ilia, uma advogada de 30 anos que acredita que o acordo, apesar de ruim, era o preço a ser pago para resolver a situação.

Os gregos já podem realizar operações em guichês, como o pagamento de contas e créditos de todos os tipos, por exemplo dívidas ao governo, a empresas públicas, aos fundos de previdência estatais ou a seguros privados.

Além disso, os cidadãos terão acesso a seus depósitos a prazo fixo e cofres, e poderão sustar seus cheques, mesmo que tenham vencido durante o período de fechamento dos bancos.

No entanto, são muitas as restrições ainda em vigor, como é o caso das transações ao exterior. Os pais que têm filhos estudando em outro país poderão enviar até cinco mil euros por trimestre, e os que tiverem despesas de hospitalização terão o limite de até dois mil euros.

Os saques continuarão limitados a 60 euros por dia, mas com a novidade de que poderão ser feitos de forma cumulativa - ou seja, até 420 euros poderão ser retirados ao longo da semana.

"Tudo bem que os bancos abram, mas você continua sem ter dinheiro, e as pessoas seguem sem trabalho. Muitos já guardaram o dinheiro debaixo do colchão, a situação continua ruim", reclamou Andreas, um vendedor de 60 anos.

A presidente da União de Bancos da Grécia, Louka Katseli, pediu que a população volte a depositar o dinheiro nos bancos para fortalecer o sistema.

"É preciso vencer o medo. Se apoiarmos o sistema bancário, os problemas serão menores e venceremos", afirmou Katseli em entrevista à emissora privada "Skai". 

Acompanhe tudo sobre:BancosCrise gregaEuropaFinançasGréciaPiigs

Mais de Economia

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados

'Não vamos destruir valor, vamos manter o foco em petróleo e gás', diz presidente da Petrobras

Governo estima R$ 820 milhões de investimentos em energia para áreas isoladas no Norte