Economia

Grécia se prepara para diferentes cenários. Até deixar euro

Membros do gabinete do primeiro-ministro Tsipras intensificaram as reuniões neste fim de semana e alguns itens da nova contraproposta grega já até vazaram


	Primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras: Sem um acerto, a Grécia não deve conseguir pagar os 1,6 bilhão de euros devidos ao FMI
 (REUTERS/Alkis Konstantinidis)

Primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras: Sem um acerto, a Grécia não deve conseguir pagar os 1,6 bilhão de euros devidos ao FMI (REUTERS/Alkis Konstantinidis)

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Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2015 às 09h36.

Atenas - Focada na decisiva cúpula de segunda-feira, a Grécia se prepara para as possíveis consequências econômicas que podem surgir caso não consiga fechar um acordo com os credores internacionais, considerando inclusive a saída do euro, um cenário que a população enfrenta com preocupação.

Os membros da União Europeia (UE) alertaram que o encontro de nada servirá se o governo grego não tiver resolvido as diferenças com os credores - Comissão Europeia (BE), Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) - sobre as medidas orçamentárias e fiscais que ainda impedem o novo pacto.

Por isso, membros do gabinete do primeiro-ministro Alexis Tsipras intensificaram as reuniões neste fim de semana e alguns itens da nova contraproposta grega já até vazaram. Apesar de manter os juros do IVA e a oposição aos cortes na previdência, o documento inclui concessões para chegar a um denominador comum com os credores.

Porém, se as negociações fracassarem mais uma vez e a Grécia chegar sem acordo ao dia 30 de junho, quando expira a prorrogação do segundo resgate, o país deverá enfrentar vários cenários econômicos.

Sem um acerto, a Grécia não deve conseguir pagar os 1,6 bilhão de euros devidos ao FMI. Mesma situação dos 6,7 bilhões de euros que devem ser pagos ao BCE em julho e em agosto.

Após declarar a falta de pagamento, o BCE limitaria o acesso da Grécia ao mecanismo de assistência aos bancos (ELA), uma das poucas fontes de liquidez do país. A instituição monetária europeia aumentou em duas ocasiões esse índice nesta semana, chegando até 87 bilhões de euros.

Isso significaria a imposição de um controle de capitais para evitar maiores sangrias nos depósitos, o que, segundo os analistas, poderia levar a um "corralito".

Nesse caso, o governo poderia ser obrigado a emitir letras de câmbio para pagar os salários dos funcionários públicos e aposentados. E, a médio prazo, se não conseguir um acordo, criar uma nova moeda fortemente desvalorizada em relação ao euro.

Esse cenário é uma oportunidade para que a Grécia possa sair da crise, na avaliação de alguns analistas, mas também representa um grande risco. A introdução de uma moeda nacional desencadearia um círculo vicioso de inflação galopante, mercado negro e pobreza generalizada no país.

Se não for firmado um pacto nem no curto nem no médio prazo, a consequência final poderia ser a saída da Grécia do bloco econômico, um fato sem precedentes na zona do euro.

Os tratados europeus preveem a progressiva adesão à moeda única de todos os membros da UE, mas não o abandono do grupo. Por isso, analistas só acreditam que a saída do euro seja possível se o país também deixar a UE.

A incerteza fez com que nos últimos dias os saques tenham aumentado consideravelmente nos bancos gregos, chegando a 3 bilhões de euros só nesta semana.

No entanto, o governo grego destacou que o controle de capitais não será feito, que os depósitos têm garantia e que o sistema bancário do país é forte.

Nas ruas da capital grega, sem filas nos caixas eletrônicos, a situação econômica preocupa de forma diferente à população, que está sem perspectivas e sem uma noção clara de quais seriam os benefícios de sair da zona do euro.

Pesquisas mostram que a maior parte dos gregos é favorável à permanência. O último levantamento, realizado entre os dias 11 e 17 de junho pela empresa Public Issue e publicada pelo jornal "Avgi", mostra que 60% da população apoia o euro. Outros 36% são contra.

Parte dos gregos teme que a saída da moeda comum deixe o país sem liquidez para pagar salários e pensões, agravando a situação de quem já está abalado nesses seis anos de crise.

Outros, por outro lado, defendem levar as negociações até o limite para conseguir que as exigências dos credores não sejam impostas. Como eles já perderam tudo, não temem voltar aos tempos do dracma, que consideram como beneficente a longo prazo. 

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