Economia

Grécia espera encerrar a recessão mais longa de sua história

No total, a Grécia recebeu 240 bilhões de euros em empréstimos, entregues ao longo de quatro anos


	Atenas: primeiro plano, de 2010, não bastou para que Atenas superasse risco de quebrar
 (Kostas Tsironis/Bloomberg/Bloomberg)

Atenas: primeiro plano, de 2010, não bastou para que Atenas superasse risco de quebrar (Kostas Tsironis/Bloomberg/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2014 às 08h25.

A Grécia espera que a auditoria da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que começa na terça-feira, seja a última de quatro anos da rigorosa supervisão de seus credores.

Com isso, o país quer virar a página da mais longa recessão de sua história.

"A 'troika' integrada pela UE, pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo FMI analisará milimetricamente a realidade econômica do país. Por isso, as declarações do governo sobre a sua 'emancipação' parecem 'precoces'", diz o professor de Economia Napoleon Maravegias, da Universidade de Atenas.

A princípio, a Grécia deve receber antes de dezembro 1,8 bilhão de euros, última parcela de empréstimo da UE, correspondente ao segundo plano de resgate internacional de fevereiro de 2012.

O primeiro plano, de 2010, não bastou para que Atenas superasse o risco de quebrar.

No total, a Grécia recebeu 240 bilhões de euros em empréstimos, entregues ao longo de quatro anos, em troca de uma drástica austeridade e de um amplo catálogo de reformas estruturais, ainda em curso.

São os altos representantes das três instituições UE-BCE-FMI que viajam regularmente a Atenas para visitar os ministérios e controlar a aplicação das medidas exigidas.

Quinta e última revisão?

A auditoria que começa na terça-feira é a quinta do segundo programa de ajuda. Teoricamente, será a última nesse formato, já que apenas o FMI financiará a Grécia até a primavera europeia de 2016 (12,5 bilhões de euros, segundo os analistas do Eurobank).

A hipótese de um terceiro plano de resgate ainda era considerada em Bruxelas há apenas seis meses e também não era excluída por Atenas.

Agora, o Executivo grego tem insistido na frase: "a época dos programas de apoio terminou", como declarou nesta semana o ministro das Finanças, Guikas Harduvelis.

"Não precisamos de mais empréstimos, nem de um novo plano de resgate", reitera o primeiro-ministro Antonis Samaras que, após uma entrevista com a chanceler Angela Merkel, expressou a intenção de seu país de renunciar a 12,5 bilhões do FMI.

"É uma questão política. O governo grego deseja a normalização e quer pertencer ao mesmo clube que Portugal e Irlanda, que já saíram dos programas de assistência internacional, em maio de 2014 e dezembro de 2013, respectivamente", observa o economista alemão Jens Bastian.

No início do mês, Samaras assegurou que seu país voltará a crescer durante o trimestre em curso, após seis anos de recessão.

A recessão grega foi atenuada nos dois primeiros trimestres do ano (-1,1% e -0,3% respectivamente), mas é indispensável um resultado sólido no terceiro e no quarto trimestre para completar a recuperação.

O governo tem uma meta de crescimento de 0,6% para todo o ano de 2014.

Mas o país enfrenta ainda uma enorme dívida pública, equivalente a 174% do PIB. Cerca de 85% dessa dívida está em mãos de instituições públicas europeias e ainda não se sabe se Atenas obterá sinal verde para renegociá-la.

O país também enfrenta um problema de desemprego em massa, de 27% da população ativa, o mais alto da UE.

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