Economia

Grécia e credores tentam evitar custoso calote

País quer acabar com impasse nas negociações para reduzir a dívida do país

Ontem o país teve mais uma onda de protestos populares na capital Atenas (Milos Bicanski/Getty Images)

Ontem o país teve mais uma onda de protestos populares na capital Atenas (Milos Bicanski/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de janeiro de 2012 às 11h06.

Atenas - A Grécia vai partir para um confronto direto com seus credores nesta quarta-feira em uma renovada tentativa de romper um impasse nas negociações para reduzir a dívida do país e evitar um calote.

Os credores privados internacionais representados pelo Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) estão dispostos a se reunir com o governo à tarde. Foram interrompidas na sexta-feira as conversas sobre a taxa de juros que a Grécia vai oferecer sobre os novos bônus e sobre um plano para impor perdas aos investidores.

Intensificando a pressão sobre os fundos de hedge e outros detentores da dívida grega antes das conversas, o primeiro-ministro Lucas Papademos disse ao jornal "The New York Times" que vai estudar a adoção de uma legislação que obrigue os credores a assumir perdas em suas carteiras se nenhum acordo puder ser alcançado.

Papademos disse que se a Grécia não receber 100 por cento de participação em um programa no qual os detentores de bônus dariam baixa voluntariamente em 130 bilhões de dólares da dívida grega, de 450 bilhões de dólares, o país estudaria a aprovação de uma lei para exigir que os resistentes assumam perdas.

"É algo que tem de ser considerado à luz das expectativas sobre o grau de participação a ser atingido", teria declarado Papademos em uma entrevista.

"Isso não pode ser excluído. É contingente à porcentagem", afirmou, observando que espera que as negociações sejam concluídas com sucesso.

O governo grego, sem recursos, precisa de um acordo com o setor privado dentro de dias, para evitar ir à bancarrota quando 14,5 bilhões de euros de resgates de bônus vencerem no final de março.

O IIF disse nesta terça-feira que seu diretor administrativo e co-presidente do comitê de liderança dos investidores privados para a Grécia, Charles Dallara, e Jean Lemierre, assessor especial do presidente, retomariam as discussões com o governo grego.

"Eles reiteraram seu compromisso em buscar um acordo sobre uma troca de dívida voluntária para a Grécia e encorajaram todas as partes a trabalhar em boa fé nessa direção com um sentido de urgência", disse o IIF.

Os bônus gregos em posse dos fundos de hedge que vencem em março podem ser os mais afetados.

O governo grego que trocar essa dívida em vencimento por novos bônus, com rendimento mais baixo e um pequeno pagamento em dinheiro. Mas alguns fundos de hedge em Londres e Nova York que compraram lotes do próximo grande vencimento de bônus da Grécia, o de março de 2012, por cerca de 40 cento sobre o euro, estão resistindo.


Uma equipe de funcionários da União Europeia, do Fundo Monetário Internacional e do Banco Central Europeu já está analisando a contabilidade da Grécia como parte dos esforços para reunir um pacote de resgate de 130 bilhões de euros que o país precisa para permanecer solvente.

Pelo acordo de troca da dívida, os credores renunciariam voluntariamente a pelo menos 50 por cento dos seus retornos prometidos. Sem isso, a União Europeia e o FMI alertaram que vão considerar que a dívida grega não voltou a um caminho sustentável e não vão liberar ajuda adicional.

O impasse nas negociações tem sido o baixo cupom, ou pagamento de juros, oferecidos pelos novos bônus. Isso poderia levar os investidores a perdas superiores aos 50 por cento originalmente previstos na redução voluntária.

Irritação nas ruas

Os gregos comuns têm sido atingidos por aumentos de impostos e cortes de gastos que foram parte de um primeiro acordo de resgate, em 2010.

Eles agora temem mais medidas de austeridade e cortes salariais com o segundo pacote e dizem que não podem apertar mais os cintos.

A Grécia entrou em seu quinto ano consecutivo de recessão alimentada pela austeridade, com o desemprego chegando a um recorde de 17,7 por cento no terceiro trimestre de 2011.

Milhares de gregos fizeram uma passeata na terça-feira para protestar contra a austeridade, agitando bandeiras em que se lia "Fora FMI e UE".

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