Manifestantes agitam bandeiras e exibem faixas durante protesto contra a aprovação da lei de reestruturação do setor público em frente ao Parlamento da Grécia, em Atenas (AFP / Louisa Gouliamaki)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2013 às 07h24.
Atenas - O Parlamento grego adotou na madrugada de domingo para segunda uma lei sobre novas medidas de rigor reivindicadas pela troika (UE-BCE-FMI) que incluem sobretudo a reestruturação do setor público e a demissão de milhares de funcionários públicos.
A redução do número de funcionários públicos era uma das condições da troika para desbloquear uma nova parcela de empréstimos de 8,8 bilhões de euros, que a Grécia precisa para pagar os salários e pensões.
Uma ajuda internacional total de 240 bilhões de euros foi consentida em 2010 ao país para evitar a falência do Estado, em troca da adoção de medidas de austeridade.
A nova lei foi adotada ao final de um acalorado debate na assembleia, por 168 votos a favor e 123 contra e um que simplesmente votou "presente".
Esta lei, que prevê a demissão de 15.000 funcionários até o final de 2014, 4.000 deles em 2013, uma medida inédita, abre o caminho para novas remessas de empréstimos da zona do euro e do FMI à Grécia.
Os funcionários apontados para a demissão são os sancionados por corrupção ou incompetência, os empurrados à aposentadoria voluntária ou as vítimas de suspensão do cargo após o fechamento de dezenas de órgãos públicos.
Um protesto de 800 pessoas, segundo a polícia, foi celebrada na noite deste domingo perante o Parlamento, na praça Sintagma, centro de Atenas, convocada por sindicatos dos setores privado e público.
A lei aprovada, composta por um único artigo - prática recorrente para forçar os deputados a votar o conjunto das disposições - prevê a extensão de um imposto sobre as propriedades aplicado em 2011, porém reduzindo-o a 15%.
Prevê, ainda, a abertura à concorrência de novas profissões e facilidades de pagamento estritas para que o Estado possa recuperar bilhões de euros de sonegação de impostos e contribuições sociais por parte de pessoas físicas ou jurídicas endividadas.
Os partidos de oposição denunciaram a emenda apresentada "no último minuto" pelo ministro das Finanças, Yannis Stournaras, que prevê uma redução do salário mínimo dos atuais 580 euros para 490.
A Grécia fechou 2012 com um déficit público reduzido a 6% do PIB, bem diferente dos 15,8% de 2009, quando teve início a "crise grega".
A dívida pública do país encerrou o ano a 156,9% do Produto Interno Bruto (PIB), contra um pico de 170,3% em 2011 (355 bilhões de euros). Mas em 2014, a dívida poderia disparar a 190% do PIB, segundo as estimativas, caso nada seja feito.