Granjas: a companhia confirmou que aguardava apenas o sinal verde do ministério para iniciar o transporte dos animais vivos, em viagens de mais de 530 km (Justin Sullivan/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de março de 2017 às 18h49.
Última atualização em 29 de março de 2017 às 22h54.
Brasília - As granjas da cidade goiana de Mineiros já acumulam um total de 300 mil perus em situação de abate, por conta do fechamento da unidade da BRF Perdigão desde o dia 17 de março, por conta da Operação Carne Fraca.
Diariamente, o frigorífico abate 25 mil aves por dia.
Os animais são recolhidos por caminhões contratados pela própria BRF.
Na semana passada, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) havia informado que a transferência das aves estava autorizada e que, a partir da segunda-feira, 27, os perus começariam a ser transportados para a unidade da BRF em Uberlândia.
A companhia confirmou que aguardava apenas o sinal verde do ministério para iniciar o transporte dos animais vivos, em viagens de mais de 530 quilômetros.
O fato é que nenhuma ave saiu de Mineiros (GO) com destino a Uberlândia até agora.
O Mapa declarou que o transporte estava autorizado pela Superintendência Federal da Agricultura de Goiás, que é vinculada à pasta, e que não existe restrição de uma planta frigorífica fazer a remoção dos animais para serem abatidos em outra unidade da empresa, desde que o lote de animais esteja acompanhado da Guia de Trânsito Animal (GTA) e que sejam observadas as "boas práticas de bem-estar animal".
Segundo a Associação dos Avicultores Integrados da Perdigão em Mineiros (Avip), ainda não houve autorização para que os animais sejam deslocados.
São 300 mil perus prontos para serem enviados ao frigorífico.
De acordo com Avip, que representa todos os produtores de aves que abastecem a unidade da BRF em Mineiros, parte desses animais já começa a ultrapassar o peso de 25 quilos, que é o tamanho limite dos animais que são processados pela unidade de Mineiros.
Reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" da semana passada mostrou o drama dos produtores locais e da cadeia de abastecimento que gira em torno dos negócios da carne em Mineiros.
A reportagem também revelou que a maior parte dos funcionários responsáveis por fiscalizar a qualidade e o cumprimento das exigências sanitárias que envolvem a produção de carnes na BRF está ligada à própria empresa.
São seus funcionários diretos.
Dos 112 agentes do Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura que fiscalizam a unidade de Mineiros (GO), da BRF Perdigão, 104 são empregados formais da companhia, o equivalente a 93% da equipe.
Os oito agentes restantes estão ligados ao Ministério da Agricultura e à prefeitura do município goiano.
O governo deve anunciar mudanças nas regras do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Riispoa), que atualmente permite a contratação de fiscais pela própria empresa.