Economia

Grande defeito da reforma tributária foi não ter sido realizada antes, diz Levy

Ex-ministro da Fazenda defendeu também que empresas ajudem Brasil a recuperar grau de investimento

Joaquim Levy: ex-ministro da Fazenda participou de evento em Chicago (Evaristo Sá/Getty Images)

Joaquim Levy: ex-ministro da Fazenda participou de evento em Chicago (Evaristo Sá/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 11 de novembro de 2023 às 19h39.

Última atualização em 11 de novembro de 2023 às 19h44.

O ex-ministro da Fazenda e atual diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do banco Safra, Joaquim Levy, afirmou que a aprovação da reforma tributária é importante e vai adicionar simplicidade e clareza ao sistema, que é "muito problemático". O grande defeito foi não ter sido realizada antes, disse.

A reforma tributária foi aprovada no dia 8 no Senado e, agora, volta novamente para a Câmara para passar pelo crivo dos deputados, que já haviam analisado o texto em julho.

"A reforma realmente é extremamente importante. Vai ter efeitos muito positivos sobre a economia. A tribulação é muito problemática no país, são vários estados e muitos municípios, o que gera uma guerra fiscal que nem sempre é salutar", disse Levy em palestra, durante o evento MBA Brasil, organizado por estudantes brasileiros, em Chicago, nos Estados Unidos. "A reforma vai dar muito mais simplicidade, clareza, vai facilitar a vida do empresário", acrescentou.

O único defeito, na sua visão, foi não ter feito a reforma tributária antes. Mas, conforme Levy, em um processo democrático nada sai da prancheta facilmente. "Você tem de acomodar 1.001 interesses. É do jeito que coisas funcionam. A vantagem no Brasil é que as coisas não parecem tão perfeitas e demoram, mas parecem mais sólidas", disse Levy.

Ao comentar as vantagens da reforma tributária, o ex-ministro disse que os benefícios devem ser positivos considerando ainda a reorganização das cadeias de produção ao redor do mundo e a nova economia, considerando a transição energética. Segundo ele, uma tributação mais simples permite maiores cadeias de produção. "Para atrair investimento interno, precisamos de simplicidade", concluiu.

Grau de investimento

O ex-ministro da Fazenda afirmou ainda que falta maior vontade de "todo mundo" no Brasil para a retomada do grau de investimento. "Para o Brasil voltar a ser grau de investimento, todo mundo precisa querer", disse ele. "É a vontade e capacidade de pagar dívidas", emendou.

Na sua visão, há pouca participação do setor privado para o Brasil retomar o grau de investimento.

Ele defendeu maior pressão das empresas e do mercado financeiro. Para Levy, a recuperação do selo de bom pagador, conferido por agências de rating, não diz respeito apenas aos agentes públicos mas também à iniciativa privada, que tem de se engajar mais no tema.

"O Brasil precisa de ambição de crescer direito e não no oba-oba e um setor externo forte para retomar grau de investimento", afirmou Levy.

Segundo ele, o país deve ter saldo de US$ 90 bilhões na balança comercial este ano. Para os próximos, a cifra deve girar ao redor dos US$ 80 bilhões.

"Isso é muito mais do que tivemos no passado e influencia o grau de investimento", explicou Levy, que avaliou como positiva sua experiência no governo, mas que está "feliz" na iniciativa privada, ajudando na estruturação de ofertas de ações.

Transição ecológica

O ex-ministro da Fazenda afirmou que não basta apenas o Brasil "virar verde". Também avaliou que o ambiente de juros mais baixos é favorável à transição ecológica. "Não é só virar verde, o Brasil precisa ter produtos que ajudem a transição energética no resto do mundo", disse ele.

De acordo com Levy, há questões estruturais para fazer decolar a agenda de transição ecológica no País, mas há um potencial grande. "O ambiente que permita corte de juros é benéfico para a economia verde", defendeu.

Ele disse ainda que o Brasil é "muito aberto" a investimentos estrangeiros, ao ser questionado sobre a abertura para os chineses. Levy afirmou que também vê esforço nas relações do País com os Estados Unidos e a China.

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