Economia

Governo venezuelano prorroga estado de emergência econômica

Publicação justifica o decreto dizendo que busca permitir que Maduro continue "dando proteção à população diante da guerra econômica declarada pela oposição"


	Nicolás Maduro: a declaração de emergência econômica permite ao presidente venezuelano dispor de recursos sem controle do parlamento
 (REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)

Nicolás Maduro: a declaração de emergência econômica permite ao presidente venezuelano dispor de recursos sem controle do parlamento (REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de março de 2016 às 15h23.

Caracas - O governo da Venezuela publicou no diário oficial desta segunda-feira um decreto que prorroga por 60 dias o estado de exceção de emergência econômica declarado pelo presidente Nicolás Maduro em 14 de janeiro para encarar a crise econômica na nação caribenha.

A publicação oficial justifica o decreto ao afirmar que busca permitir que Maduro continue "dando proteção à população diante da guerra econômica declarada pela oposição" que, junto com a queda dos preços do petróleo, jogaram o país em uma severa crise econômica, expressada em desabastecimento e alta inflação.

Ontem o parlamento, que tem maioria de oposição, se declarou em "sessão permanente" para saber da renovação, autorizá-la ou negá-la, dependendo das explicações que o vice-presidente do Executivo, Aristóbulo Istúriz, deveria dar amanhã. Ele foi convidado a se explicar no plenário.

A declaração de emergência econômica permite a Maduro, entre outras atribuições, dispor de recursos sem controle do parlamento, assim como de bens e mercadorias de empresas privadas para garantir o abastecimento, além de restringir o sistema monetário e o acesso à moeda local e estrangeira.

A maioria opositora, que controla a Assembleia Nacional (AN) rejeitou em 22 de janeiro o decreto inicial, mas ele continuou a vigorar graças à decisão do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela (TSJ), que em 11 de fevereiro declarou sua plena "validade" e "vigência".

O estado de emergência econômica entrou em vigor desde que foi ditado em janeiro e "sua legitimidade, validade, vigência e eficácia jurídica-constitucional se mantêm irrevogavelmente incólume", diz a decisão da Sala Constitucional do TSJ.

"O controle político da AN sobre os decretos que declaram estados de exceção não afeta a legitimidade, validade, vigência e eficácia jurídica dos mesmos", continuou o texto judicial.

O presidente da AN, o líder opositor Henry Ramos Allup, disse após a sessão de ontem do Legislativo, que só declarou os deputados em "sessão permanente", que a solicitação de Maduro para que o parlamento autorize a prorrogação era "um contrassenso".

"Se o decreto presidencial continua em vigor, apesar de ter sido rejeitado pelos deputados, é porque o STJ decidiu 'inconstitucionalmente', e por isso", disse Ramos Allup, "o coerente teria sido Maduro pedir ao Supremo para prorrogá-lo".

Se o presidente optou por pedir aos deputados, então deve ser, avaliou Ramos Allup, "porque agora ele deve estar disposto a informar a Assembleia a respeito".

O governo alegou em janeiro razões de "segurança nacional" para requerer que os deputados recebessem as informações sem a presença de jornalistas e, diante da recusa do Legislativo, Istúriz optou por convidá-los ao seu escritório, o que também foi recusado.

Se o vice-presidente mantiver sua negativa de comparecer à AN, "então para que enviaram o decreto para cá? Por que não o enviaram ao Supremo Tribunal de Justiça?", questionou ontem Ramos Allup.

"O que acontece é que as coisas têm sua própria condução, e tiveram que mandar o decreto para cá (à AN) passando por cima da decisão absurda do STJ porque assim está na Constituição; é aqui que deve ser aprovado ou negado tanto o decreto como a prorrogação", ressaltou o presidente da AN. 

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCrise econômicaIndústria do petróleoNicolás MaduroPolíticosVenezuela

Mais de Economia

Em derrota do governo, Câmara aprova urgência do projeto que derruba decreto do IOF

Brasil sobe quatro posições em ranking global de competitividade, mas segue entre piores posições

Dinheiro 'sumiu'? Clientes relatam instabilidade na Caixa em dia de pagamento do Bolsa Família