Meirelles: "O fato concreto é que, sim, esperamos uma arrecadação forte no próximo ano e isso será o fator mais importante (Adriano Machado/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 8 de agosto de 2017 às 20h28.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse hoje (8), em São Paulo, que o governo federal só aumentará impostos no país "em último caso".
Segundo ele, o governo espera que o crescimento econômico, em retomada, possa melhorar a arrecadação do país, sem que seja necessário, a princípio, aumentar impostos.
"O fato concreto é que, sim, esperamos uma arrecadação forte no próximo ano e isso será o fator mais importante. A recuperação move o crescimento do país. Não é aumento de imposto; aumento de imposto só em último caso. Temos falado isso sistematicamente", disse o ministro.
Mais cedo, o presidente Michel Temer admitiu que existem estudos sobre o aumento da alíquota do Imposto de Renda, mas disse que não há nada definido.
"Há estudos, os mais variados estudos, estudos que se fazem rotineiramente. A todo o momento a Fazenda, o Planejamento, os setores da economia, fazem esses estudos. E este é um dos estudos que está sendo feito, mas nada decidido", disse Temer após participar da abertura do 27º Congresso Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
A jornalistas, após fazer palestra no Congresso da Fenabrave no final da tarde de hoje, o ministro confirmou que o aumento da alíquota do IR está em estudo pelo governo. Mas ressaltou que esse estudo sequer foi trazido para sua análise.
"Quando se ouve essa questão de estudos é uma questão de transparência. Acho que isso deve ser falado para sentir a reação da sociedade. Evidentemente que uma reação forte é normal, legítima e correta. As pessoas têm que se manifestar mesmo. Mas às vezes posso concordar com uma reação, ou não. Essa é uma questão de opinião pessoal. Mas é importante que se tenha uma reação", disse o ministro.
"No momento em que se tomar uma decisão qualquer, sempre, em qualquer área, eu anuncio essa decisão e essa é a decisão final. Enquanto o restante são meramente discussões. Se o estudo está sendo feito, não há problema nenhum em dizer que ele está sendo feito", acrescentou Meirelles.
O ministro da Fazenda disse que, para manter a meta fiscal, o governo espera principalmente melhorar a arrecadação.
"À medida que a economia produz mais, arrecada mais imposto. Quando se produz mais, aumenta a arrecadação de ICMS, ISS na área de serviços, PIS e Confins. Todos os impostos de valor agregado crescem. Se as pessoas ganham mais e tem mais gente empregada, é mais Imposto de Renda. Isso independentemente de alíquota, só com aumento de arrecadação. Tudo isso é o fator mais importante na retomada da arrecadação."
Em sua palestra, Meirelles reforçou a empresários que, para melhorar a economia e o crédito no país, o governo pretende ainda implantar medidas microeconômicas, tais como criar um portal único do comércio, facilitar o pagamento de impostos no país, eliminar o sigilo fiscal, facilitar a recuperação judicial e dar andamento no Programa de Parcerias de Investimentos, com as concessões de aeroportos e, principalmente, de rodovias, o que, segundo o ministro, "vai mudar o país".
Além disso, o governo espera conseguir implantar o teto de gastos públicos e a reforma trabalhista, já aprovados pelo Congresso. Meirelles citou ainda a reforma da Previdência, que, segundo ele, deve se aprovada ainda neste semestre, e a tributária, que está em discussão no governo. Tudo isso, segundo o ministro, deve impulsionar o crescimento do país.
De acordo com o ministro, o Brasil vive um momento de retomada do crescimento, embora esse processo ainda não esteja sendo percebido pela população. A empresários, o ministro mostrou diversos gráficos que comprovariam esse momento econômico e acrescentou que isso só deverá ser percebido, de fato, daqui a alguns meses, principalmente quando a taxa de desemprego começar a cair.
"O processo de retomada do crescimento ainda não é perceptível pela maior parte das pessoas porque o desemprego ainda continua muito elevado e a atividade [econômica] está saindo de um nível baixo. Mas o fato concreto é que os números mostram que a atividade já está crescendo. Evidentemente que o desemprego está elevado e vai demandar vários meses até que de fato isso comece a fazer efeito na vida das pessoas", disse.