Greve: governo anunciou na noite de quinta-feira que o governo decidiu suspender a nova tabela de frete do transporte rodoviário (Nelson Almeida/AFP)
Reuters
Publicado em 8 de junho de 2018 às 08h25.
Última atualização em 8 de junho de 2018 às 08h26.
Brasília - O ministro dos Transportes, Valter Casimiro, anunciou na noite de quinta-feira que o governo decidiu suspender a nova tabela de frete do transporte rodoviário e irá rediscutir os valores, após pressão de associações de caminhoneiros que se manifestaram contra os valores determinados.
O governo federal decidiu tabelar o frete atendendo a reivindicação dos caminhoneiros, que realizaram uma greve de mais de 10 dias no fim de maio que paralisou o transporte rodoviário de cargas, mas acabou revendo a tabela inicial para reduzir os valores, após reclamações do setor produtivo devido ao aumento de custo com frete.
Essa nova tabela, por sua vez, foi questionada pelos caminhoneiros, o que levou o governo a recuar e anunciar uma nova rodada de negociações entre os setores afetados e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
"Essa nova resolução trouxe algumas questões que precisam ser revistas. Foi uma determinação agora do Ministério dos Transportes e da ANTT que a gente torne essa resolução publicada hoje sem efeito", disse o ministro dos Transportes em reunião com caminhoneiros, de acordo com um vídeo da reunião.
"Volta a ter efetividade a resolução anterior para que a gente possa discutir com todas as categorias e associações para que a gente volte com uma tabela que seja factível e represente o custo real do frete para o transporte de cargas do Brasil", acrescentou.
Antes de suspender a tabela, o ministro havia anunciado que ela tinha sido apresentada a diversos setores do agronegócio e outros contratantes de carga, assim como para entidades representantes dos caminhoneiros.
Na quinta-feira, duas empresas do Rio Grande do Norte conseguiram na Justiça liminares para suspender os efeitos do tabelamento, em uma decisão em que o juiz federal Orlando Rocha classificou de "evidente intervenção" do governo federal na economia, ao impor regulamentação ao setor de transporte rodoviário de cargas, em ofensa à Constituição.