Economia

Governo recua de transferência de valor do Bolsa Família para propaganda

A anulação do repasse ocorre depois de sucessivas críticas de vários setores da sociedade e após o TCU abrir investigação para apurar o remanejamento

Governo: Executivo voltou atrás e desistiu de transferir dinheiro do Bolsa Família para propaganda oficial (Marcelo Casal Jr/Agência Brasil)

Governo: Executivo voltou atrás e desistiu de transferir dinheiro do Bolsa Família para propaganda oficial (Marcelo Casal Jr/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de junho de 2020 às 15h34.

Última atualização em 9 de junho de 2020 às 16h24.

O governo federal editou nesta terça-feira, 9, uma edição extra do Diário Oficial da União (DOU) para revogar portaria do Ministério da Economia que tirou 83,9 milhões de reais do orçamento do Bolsa Família e transferiu o valor para a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência (Secom), que usaria a verba para ampliar gastos com publicidade.

A anulação do repasse, que foi assinado semana passada pelo secretário de Fazenda da Economia, Waldery Rodrigues, e ganhou visibilidade após matéria publicada pelo Broadcast/Estadão, ocorre depois de sucessivas críticas de vários setores da sociedade e também depois de o Broadcast revelar hoje que o Tribunal de Contas da União (TCU) resolveu abrir investigação para apurar o remanejamento.

O Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) também mostrou que a manobra acendeu o alerta do órgão de controle para uma tentativa de burlar regras fiscais e usar exceções legais para os gastos da pandemia a favor de um aumento em despesas que não são emergenciais e nada têm a ver com o combate à doença.

A apuração do TCU atende a um pedido do Ministério Público junto ao TCU. Na representação, o procurador Rodrigo Medeiros de Lima requer uma medida cautelar para suspender o repasse de recursos do Bolsa Família para a Secom "a fim de evitar o direcionamento, direto ou transverso, de créditos orçamentários extraordinários [extrateto] para a expansão de despesas primárias."

O remanejamento atingiu os recursos previstos para a Região Nordeste do país e causou críticas no Congresso por ocorrer durante a pandemia do coronavírus, quando muitas famílias estão sem fonte de renda. Apesar do remanejamento, o Ministério da Cidadania disse na ocasião que o pagamento do benefício está garantido por recursos do auxílio emergencial. Há, no entanto, uma fila de espera de 433.000 pedidos para acesso ao Bolsa Família.

A portaria desta terça, que revoga a anterior, também é assinada pelo secretário Waldery Rodrigues.

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