Economia

Governo quer pacto com o Congresso para destravar investimentos

Entre os projetos que entrariam no pacto, estão o que regula o licenciamento ambiental, as desapropriações e a nova lei para contratações públicas

Jair Bolsonaro: governo quer atalho para a aprovação de projetos de infraestrutura (Adriano Machado/Reuters)

Jair Bolsonaro: governo quer atalho para a aprovação de projetos de infraestrutura (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de janeiro de 2019 às 12h26.

Última atualização em 7 de janeiro de 2019 às 12h30.

Brasília - O governo de Jair Bolsonaro quer criar um atalho no Congresso Nacional para agilizar a aprovação de projetos ligados principalmente à infraestrutura, numa tentativa de destravar investimentos. O governo selecionou um conjunto de medidas que já estão em tramitação e vai propor um pacto ao Legislativo para facilitar a aprovação desses projetos, que têm potencial para melhorar o ambiente de negócios no País.

"Não é o Executivo construindo uma pauta para o Legislativo, nem poderia", disse o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. "Trata-se de valorizar projetos apresentados pelos próprios parlamentares, para se construir um ambiente de respeito do Executivo com o Congresso."

Eleito com a promessa de acabar com o loteamento partidário do governo, Bolsonaro poderá, dessa forma, inaugurar uma nova forma de relacionamento com o Congresso. Se o pacto for aceito, as propostas terão tramitação diferenciada, mais rápida.

Mas, para tanto, seria fundamental obter a concordância e a participação dos presidentes da Câmara e do Senado. A eles, será reservado o protagonismo de todo o processo. O apoio do PSL - partido do presidente - à candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à reeleição da Presidência da Câmara pode ajudar.

O pacto faz parte da programação do Ministério da Infraestrutura para os primeiros 100 dias de governo. Ele deve ser proposto em fevereiro, após definidos os comandos das duas Casas e das comissões temáticas.

Entre os projetos que entrariam no pacto, estão o que regula o licenciamento ambiental, as desapropriações, a nova lei para contratações públicas, o novo marco das agências reguladoras. Também entrariam propostas com impacto sobre toda a economia, como a Lei Complementar de Finanças e a revisão da Lei de Falências. Em alguns casos, segundo Tarcísio, alterações podem ser negociadas.

O ministro avalia que a prioridade imediata é a aprovação da reforma da Previdência, mas diz que as agendas não competem e podem ser até complementares. "Os atores não são necessariamente os mesmos", disse.

Segundo ele, é mais fácil construir consenso sobre a pauta da infraestrutura, pois ajuda a destravar investimentos em todo o País. "São projetos que acabam beneficiando, trazendo recursos para as áreas de atuação de cada parlamentar."

Capital político

Ao contrário da reforma da Previdência, que é impopular, as matérias de interesse da infraestrutura não consomem capital político, disse o ministro. "Às vezes, é bom intercalar uma pauta complexa com uma pauta amena."

O capital político de Bolsonaro lhe dá condições de "virar a página" no relacionamento com o Congresso, avaliou o ex-senador e ex-ministro César Borges, que atualmente preside a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). "É preciso haver um pacto pelo Brasil e colocar as estruturas de partidos no segundo plano", avaliou. "Temos de ter consciência de que o País precisa retomar o crescimento e investir na infraestrutura."

O avanço dessa agenda seria "extraordinário", disse o professor Cláudio Frischtak, da consultoria Inter.B. Mas ele alerta que o governo tem uma agenda muito grande e precisa decidir qual a melhor forma de alocar seu capital político. "É preciso dar prioridade ao que é fundamental", disse. E, no caso, o essencial é a aprovação da reforma da Previdência e a reorganização das contas públicas.

Acompanhe tudo sobre:Governo BolsonaroInfraestruturaJair BolsonaroMeio ambiente

Mais de Economia

Mesmo com alíquota de IVA reduzida, advogado pode pagar imposto maior após reforma; veja simulações

Subsídios na China fazem vendas de eletrônicos crescer até 400% no ano novo lunar

Conta de luz não deve ter taxa extra em 2025 se previsão de chuvas se confirmar, diz Aneel

Após receber notificação da AGU, TikTok remove vídeo falso de Haddad