Economia

Governo piora meta de déficit primário para R$129 bi em 2018

O dado confirmado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está muito acima da previsão anterior de um rombo de 79 bilhões de reais

Henrique Meirelles e Dyogo Oliveira: para o setor público consolidado, a meta é de um déficit de 131,3 bilhões de reais (Valter Campanato/Agência Brasil)

Henrique Meirelles e Dyogo Oliveira: para o setor público consolidado, a meta é de um déficit de 131,3 bilhões de reais (Valter Campanato/Agência Brasil)

R

Reuters

Publicado em 7 de abril de 2017 às 15h19.

Última atualização em 7 de abril de 2017 às 17h11.

Brasília - O governo piorou expressivamente nesta sexta-feira a meta de déficit primário para o governo central (governo federal, Banco Central e Previdência) em 2018, a 129 bilhões de reais, marcando outro ano de forte rombo nas contas públicas sob o impacto da fraqueza econômica.

Antes, a expectativa indicada era de um saldo negativo de 79 bilhões de reais. Agora, o déficit fixado no âmbito da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) ficou, inclusive, maior que o rombo de 118,3 bilhões de reais visto pelo mercado, conforme relatório Prisma Fiscal.

"É orçamento bastante sólido, bastante transparente, bastante conservador. E levando em consideração projeções que a esse momento são muito mais sólidas", avaliou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Na quarta-feira, uma fonte já havia dito à Reuters que o governo poderia elevar o déficit primário previsto para 2018 em meio ao ritmo ainda lento da recuperação econômica, em direção a uma meta vista como factível.

Nesta sexta-feira, Meirelles afirmou que o novo número leva em conta "todo o efeito da crise de 2015 e 2016" e o impacto defasado da recessão sobre a arrecadação.

Apesar de o governo prever uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5 por cento para o ano que vem, ante apenas 0,5 por cento neste ano, a expectativa é que a arrecadação fique estável na mesma base de comparação.

Para o setor público consolidado, a meta é de um déficit de 131,3 bilhões de reais, abarcando também um déficit de 3,5 bilhões de reais para estatais federais e um superávit de 1,2 bilhão de reais para Estados e municípios.

Antes, a previsão era de um saldo negativo em 66 bilhões de reais para o setor público consolidado, cifra que englobava, além do rombo do governo central, um déficit de 3 bilhões de reais para estatais federais e superávit de 16 bilhões de reais para Estados e municípios.

Também presente na coletiva, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, disse que as metas apresentadas nesta sexta-feira são críveis e aumentam a credibilidade da política fiscal.

Ele também lembrou que elas não levam em conta a reforma da Previdência, já que a proposta sobre o tema segue em análise pelo Congresso, nem tampouco elevação de impostos.

Diante da constatação de que não teria condições de aprovar a reforma da Previdência como está, o governo federal admitiu na véspera alterar a proposta em pelo menos cinco pontos mais sensíveis, que podem reduzir economia com a reforma em 115 bilhões de reais ao longo de 10 anos.

Próximos anos

Para 2019, o governo indicou nesta sexta-feira que prevê um déficit primário de 63,8 bilhões de reais para o setor público consolidado, composto por saldo negativo de 65 bilhões de reais do governo central e de 3,5 bilhões de reais para estatais federais, além de um superávit de 4,7 bilhões de reais para Estados e municípios. Antes, via o governo central com resultado neutro e o setor público já no azul.

Quanto a 2020, a perspectiva é de um superávit de 23,3 bilhões de reais para o setor público, com saldo positivo de 10 bilhões de reais para governo central, saldo negativo de 3,4 bilhões para estatais federais e superávit de 16,6 bilhões de reais para Estados e municípios.

Acompanhe tudo sobre:Déficit públicoGoverno Temer

Mais de Economia

Alckmin entra hoje no terceiro dia de conversas com setores afetados por tarifa de Trump

Índice Big Mac: real está 28,4% subvalorizado e tarifas de Trump já pressionam consumidores globais

Senado aprova em 1º turno projeto que tira precatórios do teto do arcabouço fiscal

Moraes mantém decreto do IOF do governo Lula, mas revoga cobrança de operações de risco sacado