Economia

Governo pede para Petrobras segurar reajuste no diesel e na gasolina

Integrantes do Executivo participaram de reunião com diretoria da estatal

Bolsonaro: presidente quer que os preços fiquem como estão (Andressa Anholete/Getty Images)

Bolsonaro: presidente quer que os preços fiquem como estão (Andressa Anholete/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 14 de junho de 2022 às 14h27.

O governo do presidente Jair Bolsonaro pediu à direção da Petrobras para segurar o reajuste no preço dos combustíveis, de acordo com integrantes do Executivo.

Bolsonaro quer que os preços fiquem como estão, pelo menos a conclusão da votação pelo Congresso dos projetos que tentam reduzir o preço do óleo diesel, da gasolina, do gás e da energia elétrica.

A Petrobras tem alertado ao governo que há uma defasagem cada vez maior entre os preços praticados internamente e o valor do petróleo no mercado internacional, que tem subido nos últimos dias.

A gasolina está há 95 dias sem aumento, enquanto o diesel está congelado há 32 dias.

O mercado estima que a Petrobras está vendendo o diesel e a gasolina, nas refinarias, com cerca de 20% de defasagem em relação aos preços internacionais. A estatal já disse diversas vezes que manter um diferença grande de preços pode levar à desabastecimento no mercado local, especialmente de óleo diesel, já que há necessidade de importação deste combustível.

O governo se reuniu nesta terça-feira com a diretoria da Petrobras e um dos assuntos foi a possibilidade de reajuste. Participaram do encontro o Minas e Energia, Adolfo Sachsida, o presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, do diretor de Comercialização e Logística, Cláudio Mastella, e do presidente do Conselho de Administração da estatal, Márcio Weber.

De acordo com integrantes do governo, a reunião foi inconclusiva.

O preço dos combustíveis é a principal dor de cabeça para o governo neste momento. Além de ajudar a colocar a inflação para acima de dois dígitos, o valor do diesel e da gasolina tem afetado a popularidade de Bolsonaro a quatro meses da eleição.

Nos últimos 12 meses, o preço da gasolina subiu 28,73%, o gás de botijão ficou 29,39% mais caro e o óleo diesel, 52,27%.

Para tentar por um freio nos aumentos, o governo trocou o comando do Ministério de Minas e Energia e, em menos de dois meses, mudou a presidência da Petrobras. Agora, está negociando com o Congresso um projeto para reduzir em R$ 1,65 o litro da gasolina e em R$ 0,76 o do óleo diesel. Na energia elétrica, o impacto seria de, em média, 12% nas contas de luz.

Bolsonaro quer segurar o preço dos combustíveis pelo menos até a eleição, daqui a menos de quatro meses, de acordo com integrantes do governo.

Se isso não for possível, diante do risco de desabastecimento, o pedido do governo é para segurar o preço pelo menos até a votação dos projetos pelo Congresso. O entorno de Bolsonaro avalia que nada adiantaria gastar capital político e quase R$ 50 bilhões para baixar os preços dos combustíveis e, antes disso, a Petrobras fazer um aumento.

Foi um aumento de preços nas vésperas de o Congresso aprovar um projeto para baratear o diesel que derrubou o então presidente Joaquim Silva e Luna. No seu lugar, entrou Ferreira Coelho. Por sua vez, com menos de dois meses no cargo, a sua substituição também foi anunciada, após a queda de Bento Albuquerque do Ministério de Minas e Energia.

Até agora, porém, o novo presidente, Caio Paes de Andrade, não assumiu o cargo. A troca no comando da empresa e no Conselho de Administração estratégia do governo de tentar controlar os preços dos combustíveis.

A Petrobras estaria pronta desde ontem para anunciar a qualquer momento um reajuste na gasolina e no diesel, mas diante do pedido do governo, resolveu esperar. Por outro lado, a política de governança da empresa, a composição da atual diretora e do conselho, e a cobrança feita por acionistas minoritários torna imprevisível por quanto tempo a empresa irá segurar os preços nesse patamar.

Dentro da Petrobras, técnicos afirmam que o reajuste do diesel não poderia passar desta semana.

Nas reuniões que têm com o governo, a Petrobras sempre alerta para o risco de a defasagem do preço do diesel levar uma situação de falta de diesel pontual no país, com o cenário se agravando a partir do segundo semestre.

Isso ocorreria porque 30% do consumo nacional de diesel é importado. Se o preço lá fora estiver mais caro do que aqui dentro, os importadores não irão trazer o produto porque vão ter prejuízo na operação.

A preocupação maior com o segundo semestre é motivado por um cenário que conjuga expectativa de crescimento maior do PIB do que o previsto anteriormente — o que significa consumo maior de combustível —, previsão de uma das piores temporadas de furacões no Golfo do México nas últimas décadas, fim do lockdown na China (o que estimula a economia global e a demanda pelo produto) e aumento do embargo efetivo ao petróleo russo.

LEIA TAMBÉM:

Benefícios fiscais em ano eleitoral podem custar R$ 111,4 bi aos cofres públicos

Acompanhe tudo sobre:CombustíveisGasolinaPetrobraspostos-de-gasolina

Mais de Economia

Haddad diz que consignado privado pelo eSocial terá juro "menos da metade" do que se paga hoje

Desafio não vai ser isentar, vai ser compensar com quem não paga, diz Haddad, sobre isenção de IR

Dino intima governo a explicar se emendas Pix para eventos cumprem regras de transparência

Governo deverá bloquear R$ 18,6 bilhões no Orçamento de 2025 para cumprir regras fiscais, diz Senado