Plano Safra: O maior incremento virá da oferta de crédito com taxas de juros de mercado, que deve chegar a R$ 145,18 bilhões. (Enrique Marcarian/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de junho de 2022 às 18h11.
Última atualização em 29 de junho de 2022 às 18h47.
O governo federal oferecerá na próxima safra agrícola, que começa oficialmente no dia 1º de julho, R$ 340,88 bilhões em crédito rural, no âmbito do Plano Safra 2022/23. É um montante 36% superior aos R$ 251,2 bilhões anunciados para a safra 2021/22, que termina na quinta-feira, 30.
O maior incremento virá da oferta de crédito com taxas de juro de mercado, que deve chegar a R$ 145,18 bilhões, uma alta de 69% em comparação ao ofertado neste ciclo que se está encerrando (R$ 86 bilhões).
Com juros controlados (com e sem equalização), serão R$ 195,7 bilhões, 18% mais do que na safra 2021/22. Deste montante, R$ 115,8 bilhões terão taxas de juro equalizadas pelo Tesouro Nacional, valor 31% maior do que no ciclo vigente.
A cerimônia de lançamento do Plano Safra 2022/23 ocorre nesta quarta-feira no Palácio do Planalto, em Brasília.
Do total de recursos, R$ 246,28 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização, alta de 39% em relação ao ano anterior. Outros R$ 94,6 bilhões serão para investimentos (+29%).
Na definição das taxas de juro a serem cobradas dos produtores, o governo deu prioridade aos beneficiários do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), como já vinham sinalizando membros do Executivo. Para o Pronaf, serão destinados R$ 53,61 bilhões, incremento de 36% em comparação com o montante ofertado na safra 2021/22. As taxas de juro serão de 5% ao ano (para produção de alimentos e produtos da sociobiodiversidade) e de 6% ao ano para os demais produtos, ante taxas de 3% e 4,5% ao ano no ciclo 2021/22.
Para o Pronamp, o montante será de R$ 43,75 bilhões, 28% acima do valor da safra anterior, com juros de 8% ao ano — ante taxas de 5,5% e 6,5% ao ano no ciclo prévio. Para os demais produtores e cooperativas, o total ofertado chegará a R$ 243,4 bilhões, com taxas de 12% ao ano — ante taxas de 7,5% a 8,5% em 2021/22. Nesta safra, produtores rurais poderão optar pela contratação de financiamentos para investimentos a taxas de juro pós-fixadas.
Outra medida a ser adotada pelo governo para aumentar a oferta de recursos aos pequenos e médios produtores será elevar os percentuais de recursos provenientes de depósitos à vista alocados para esses públicos. Do dinheiro referente aos 25% de depósitos à vista que devem ir para crédito rural, a parcela destinada ao Pronaf passará de 22% para 25%, e para o Pronamp, de 28% para 35%.
Atendendo a uma demanda do setor financeiro, o governo também elevou de 50% para 70% o percentual das captações por Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) que poderão ser destinadas à concessão de crédito por meio de títulos do agro, como CPR, CDCA e CRAs.
Entre as linhas de crédito voltadas para investimentos de longo prazo no setor, o governo deu prioridade, como previsto, programas relacionados à sustentabilidade na atividade agropecuária, inovação e armazenagem.
Para o programa ABC, que financia a recuperação de áreas e de pastagens degradadas, implantação de sistemas de integração lavoura-pecuária-florestas (ILPF) e adoção de práticas conservacionistas, serão destinados R$ 6,19 bilhões, 23,8% acima dos R$ 5 bilhões anunciados para a temporada 2021/22. As taxas de juro serão de 7% ao ano para ações de recomposição de Reserva Legal e Áreas de Proteção Permanente e de 8,5% para as demais. Na safra atual, as taxas eram de 5,5% e 7% ao ano. Haverá, ainda, no novo Plano Safra, financiamento para remineralizadores de solo (pó de rocha), a fim de reduzir a dependência dos fertilizantes importados.
Com relação ao programa Proirriga, de financiamento de sistemas de irrigação, o governo ofertará R$ 1,95 bilhão, aumento de 44%, o maior incremento entre os programas de investimento.
Ao Inovagro, focado em inovação tecnológica, serão destinados R$ 3,51 bilhões, 35% acima dos R$ 2,6 bilhões anunciados no ciclo anterior. A taxa de juro será de 10,5% ao ano, ante 7% ao ano antes.
Para o Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), o governo prevê R$ 5,13 bilhões na safra 2022/23, 24,5% acima dos R$ 4,12 bilhões anunciados na safra 2021/22. As taxas serão de 7% ao ano para projetos com capacidade de até 6 mil toneladas e de 8,5 % ao ano para os demais investimentos. O prazo de reembolso é de até 12 anos, com carência de até 3 anos. O governo também determinou limite de financiamento de R$ 50 milhões para investimentos relativos à armazenagem de grãos. Para armazenamento dos demais itens, o limite continua sendo de R$ 25 milhões.
LEIA TAMBÉM:
Bolsonaro diz que pretende ampliar desoneração da folha de pagamentos
Guedes diz que há R$ 50 bi de recursos disponíveis que estavam fora do Orçamento
Vale-gás da PEC será dado a cada dois meses, não mensalmente, diz Bezerra