Economia

Governo não permitirá dólar a R$1,85, diz Mantega

Entre as medidas que o governo poderia tomar, o ministro citou a elevação do IOF nas operações de ingresso de moeda estrangeira no país e a compra de dólares no mercado


	Guido Mantega: "Se houver tendência especulativa, aumentaremos a intervenção", afirmou o ministro
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Guido Mantega: "Se houver tendência especulativa, aumentaremos a intervenção", afirmou o ministro (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 8 de fevereiro de 2013 às 06h48.

Brasília - O governo brasileiro não permitirá que o dólar volte a ser cotado a 1,85 real e intervirá no mercado caso seja necessário, assegurou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista exclusiva à Reuters nesta quinta-feira.

"O ideal é que não houvesse intervenção, mas isso é sonho. Agora, se houver de novo uma tendência especulativa, se o pessoal se animar: 'vamos puxar esse câmbio para 1,85', aí estaremos de novo intervindo", disse o ministro.

Entre as medidas que o governo poderia tomar, Mantega citou a elevação do Imposto sobre Operações Financeira (IOF) nas operações de ingresso de moeda estrangeira no país e a compra de dólares no mercado.

"Se houver tendência especulativa, aumentaremos a intervenção: posso comprar mais reservas e posso reconstituir os IOFs (que foram reduzidos)", disse, acrescentando que o dólar está flutuando em uma faixa adequada.

O dólar rompeu no final de janeiro o piso de uma banda informal de 2,00 a 2,10 reais que vigorou durante boa parte de 2012, e o mercado interpretou esse movimento como um sinal de preocupação com a inflação. Desde então, o dólar tem ficado em torno de 1,98 reais.

"O câmbio está flutuando mais ao sabor do mercado. Flutua sem causar prejuízo ao exportador, não está causando prejuízo ao importador de máquinas e equipamentos. O câmbio encontrou faixa de flutuação razoável", avaliou o ministro.


Opiniões divergentes

Mantega reforçou que o governo não irá utilizar o câmbio para conter a inflação, e se mostrou otimista em relação à variação dos preços.

Em janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,86 por cento, a maior taxa mensal em quase oito anos, acumulando em 12 meses alta 6,15 por cento, bem próximo do teto da meta oficial de 6,50 por cento.

"A projeção é que janeiro foi o pico. Eu não tenho projeção até dezembro, mas nos próximos meses ela (inflação) vai para baixo", disse o ministro.

A sua avaliação difere da manifestada pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que na manhã desta quinta-feira disse que a autoridade monetária está preocupada com a inflação no curto prazo, e que a inflação acumulada em 12 meses cairá apenas no segundo semestre.

Questionado sobre se a sua avaliação diverge da de Tombini, o ministro respondeu: "Por isso é que nós somos independentes, a opinião dele pode ser diferente da minha".

Mantega disse que espera para fevereiro uma inflação mais baixa em decorrência da contribuição da redução da tarifa de energia elétrica, que segundo ele, ficará entre 0,4 e 0,5 ponto percentual, além de recuo nos preços dos alimentos. Para o ano como um todo, ele disse esperar que a inflação fique inferior a 5,6 por cento.


Com um tom mais cauteloso em relação ao crescimento econômico, Mantega disse esperar um melhor desempenho da economia este ano, mas salientou que a recuperação será gradual.

"A economia brasileira vem melhorando desde o segundo semestre do ano passado, gradualmente vem melhorando o nível de consumo, vem melhorando certos setores. Então, está em um processo gradual de recuperação".

Ele evitou falar em percentual de crescimento, embora venha dizendo que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) ficará entre 3 e 4 por cento este ano.

Para atingir esta taxa de crescimento, o governo está contando com a ampliação dos investimentos, principalmente em infraestrutura.

Para atrair os investidores, Mantega disse o governo vai assegurar uma taxa de retorno real superior a 10 por cento nos programas de concessão de ferrovias, portos e aeroportos, além das rodovias.

"Isso posso garantir: todos terão rentabilidade elevada e estamos falando de rentabilidade real acima de 10 por cento", informou.

"Tenho que examinar esses editais e as condições, se der para melhorar vou melhorar porque o objetivo é que todos tenham rentabilidade elevada." (Reportagem adicional de Brian Winter)

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