Economia

Governo muda forma de divulgação dos dados de emprego

Uma nota, que dava mais evidência aos números positivos e dificultava a visualização dos negativos, foi divulgada cinco horas antes da liberação do resultado


	Carteira de Trabalho: o ministro Manoel Dias não concedeu entrevista à imprensa para comentar dados
 (Daniela de Lamare)

Carteira de Trabalho: o ministro Manoel Dias não concedeu entrevista à imprensa para comentar dados (Daniela de Lamare)

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Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2015 às 17h23.

Brasília - No mês em que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou o fechamento de quase 82 mil vagas de trabalho no país, sendo o pior resultado para janeiro desde 2009, quando o país enfrentava reflexos da crise internacional, o Ministério do Trabalho e Emprego decidiu alterar o modelo de divulgação dos dados.

Normalmente, as tabelas são apresentadas logo antes de uma coletiva de imprensa com o ministro Manoel Dias.

Desta vez, uma nota, que dava mais evidência aos números positivos e dificultava a visualização dos negativos, foi divulgada cinco horas antes da liberação do resultado completo.

O ministro não concedeu entrevista à imprensa para comentar os dados.

Às 10h da manhã desta sexta-feira, 27, a pasta divulgou o texto, intitulado "Caged mostra melhora do emprego na indústria".

Mas o resultado geral do mês, com o fechamento de mais de 80 mil vagas, aparecia apenas no terceiro parágrafo.

A queda de quase 98 mil postos de trabalho no comércio vinha no quarto parágrafo, exigindo ainda que o leitor calculasse a somatória dos saldos do varejo e do atacado.

A construção civil, que na tabela completa apresentou recuo de 9.729 postos de trabalho, não foi nem mesmo citada na nota divulgada pela manhã.

A nota traz ainda uma avaliação otimista de Manoel Dias, que afirma que o país vai continuar gerando empregos com a manutenção de investimentos na área social, em infraestrutura e "muitos dos investimentos" previstos por empresas privadas.

"Tenho que lembrar que o mundo não superou a crise iniciada em 2008. A Organização Internacional do Trabalho fala que ainda serão necessárias 100 milhões de vagas para que o mundo volte a ter o mesmo número de empregados de antes da crise", complementou.

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