O melhor do governo de Luiz Inácio Lula da Silva é a responsabilidade na condução da política econômica e a capacidade de comunicação com a sociedade. O pior é o desempenho na área social e no gerenciamento da máquina pública. A avaliação é do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Não é para provocar, mas eu esperava mais criatividade na área social, e também acho que está um pouco difícil o gerenciamento".

Ao final de reunião reservada com empresários da Associação Brasileira de Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib) nesta quinta-feira (25/11), o ex-presidente declarou que os dois maiores desafios para o crescimento sustentado da economia brasileira são educação e infra-estrutura. No último caso, a dificuldade estaria no financiamento de obras indispensáveis. "A vocação do setor financeiro nacional tem sido emprestar para o governo a curto prazo", disse FHC. "É preciso ver como resolver esse n" (leia reportagem do Portal EXAME a respeito).

Quanto às Parcerias Público-Privadas (PPPs), o ex-presidente disse concordar com as críticas do senador Tasso Jereissati ao projeto original defendido pelo governo. "Tasso tem razão em apontar o problema de como contabilizar o investimento e como evitar a escolha arbitrária de quem vai receber os projetos", afirmou.

O ex-presidente também apontou uma tendência anacrônica da política externa brasileira em retornar a teses da década de 70, como a da articulação de um bloco de países de terceiro mundo. Para ele, há setores e regiões, no interior de cada país, com graus diferentes de desenvolvimento e interesses diferenciados, que precisam chegar a um acordo. "O Brasil não resolveu ainda se quer realmente entrar no grande jogo da competição global", disse FHC. "Esse não é um problema do governo Lula. Esse medo também havia durante o meu governo."