Economia

Governo Lula 'lamenta' tarifas de Trump e diz estudar resposta, inclusive via OMC

Em nota, o governo argumentou que a medida prejudica uma relação comercial historicamente complementar

Presidente Lula, durante Assembleia da ONU em 2023: Governo brasileiro classificou como "injustificável e equivocada" a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevar para 25% as tarifas sobre importações de aço e alumínio (Getty Images/Getty Images)

Presidente Lula, durante Assembleia da ONU em 2023: Governo brasileiro classificou como "injustificável e equivocada" a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevar para 25% as tarifas sobre importações de aço e alumínio (Getty Images/Getty Images)

Luciano Pádua
Luciano Pádua

Editor de Macroeconomia

Publicado em 12 de março de 2025 às 15h18.

Última atualização em 12 de março de 2025 às 15h20.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou e classificou como "injustificável e equivocada" a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevar para 25% as tarifas sobre importações de aço e alumínio.[/grifar]

A medida, anunciada nesta terça-feira, 12, também revoga arranjos de cotas vigentes, afetando diretamente as exportações do Brasil, que somaram US$ 3,2 bilhões em 2024.

LEIA MAIS: Fazenda fará nota técnica sobre tarifas de Trump; Brasil não deve retaliar por orientação de Lula

"Tais medidas terão impacto significativo sobre as exportações brasileiras de aço e alumínio para os EUA, que, em 2024, foram da ordem de US$ 3,2 bilhões", diz trecho de nota divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), sem citar o mandatário norte-americano.

Impacto econômico e reação do governo

Washington justifica a decisão como parte de sua estratégia para proteger a indústria doméstica. No entanto, o Brasil argumenta que a medida prejudica uma relação comercial historicamente complementar.

"Segundo os dados do Governo estadunidense, os EUA mantêm um superávit comercial de longa data com o Brasil, que foi, em 2024, da ordem de US$ 7 bilhões, somente em bens", afirma a nota do MDIC.

O país é o maior exportador de aço semiacabado para os EUA, fornecendo 60% do total importado pelo mercado norte-americano. Além disso, as siderúrgicas brasileiras dependem de insumos como carvão siderúrgico dos EUA, cujas compras totalizaram US$ 1,2 bilhão no último ano.

O governo brasileiro pretende agir em duas frentes: diálogo direto com Washington e possíveis medidas na Organização Mundial do Comércio (OMC). Reuniões já previstas para as próximas semanas devem abordar estratégias para minimizar os impactos negativos sobre a indústria nacional.

Histórico de disputas comerciais

A imposição de tarifas sobre aço e alumínio pelos EUA não é inédita. Em 2018, sob o governo de Donald Trump, medidas similares foram aplicadas, gerando forte reação de parceiros comerciais. O Brasil, na época, negociou isenções parciais por meio de cotas. Agora, com a revogação desses arranjos, o impacto pode ser ainda maior.

Além do prejuízo ao setor siderúrgico, o governo brasileiro destaca o superávit comercial de longa data dos EUA com o Brasil, que foi de US$ 7 bilhões em bens em 2024. Para o governo brasileiro, a nova política tarifária ignora essa relação de equilíbrio e integração econômica entre os dois países.

"O Brasil é o terceiro maior importador de carvão siderúrgico dos EUA (US$ 1,2 bilhão) e o maior exportador de aço semi-acabado para aquele país (US$ 2,2 bilhões, 60% do total das importações dos EUA), insumo essencial para a própria indústria siderúrgica norte-americana", diz a nota.

O Itamaraty e representantes da indústria aguardam um posicionamento oficial de Washington para definir os próximos passos na defesa dos interesses brasileiros.

"Em reuniões já previstas para as próximas semanas, [o governo] avaliará todas as possibilidades de ação no campo do comércio exterior, com vistas a contrarrestar os efeitos nocivos das medidas norte-americanas, bem como defender os legítimos interesses nacionais, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio", diz a nota.

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