Greve dos caminhoneiros (arquivo): nenhum acordo que resolva a questão de uma vez por todas foi fechado com a categoria (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de maio de 2019 às 06h22.
Última atualização em 20 de maio de 2019 às 12h40.
Na véspera do aniversário que marcará um ano desde a última greve dos caminhoneiros, que paralisou o país no dia 21 de maio de 2018, a Petrobras irá lançar nesta segunda-feira, 20, um novo mecanismo para a compra de combustível atendendo à demanda de caminhoneiros que reclamam dos reajustes constantes praticados pela petroleira. O cartão pré-pago lançado em caráter de teste nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, permitirá a conversão de dinheiro em litros de diesel, reduzindo o impacto das altas do combustível.
A medida é apenas um dos passos que o governo vem adotando para evitar uma nova paralisação que poderia comprometer ainda mais a economia e dilapidar o que sobrou de capital político. Anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, na última quinta-feira, o cartão do caminhoneiro, que passa a operar hoje, funciona como estoque virtual de combustível. Para ter acesso, o caminhoneiro precisa fazer um cadastro no site da Petrobras e retirar o cartão em um posto da rede credenciada.
Atualmente, a política de preços da Petrobras leva em conta a variação do preço internacional do barril de petróleo. Consequentemente, seus combustíveis sofrem ajustes de custo na mesma frequência. Com o cartão, entretanto, o caminhoneiro poderá ficar pelo menos um mês livre da alta do diesel.
A pergunta que fica é se as próximas cartadas do governo serão suficientes para evitar uma nova paralisação. No último mês, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto Santos Cruz, disse que “o governo fica sempre entre a decisão política e o limite econômico, está sempre entre a cruz e a espada.” Em reunião com caminhoneiros em abril, quando conseguiu evitar uma nova greve, o governo se comprometeu, entre outras coisas, a cumprir a tabela de frete, uma das maiores reivindicações da categoria.
Mesmo com o recente cenário de suposta calmaria, nenhum acordo que resolva a questão de uma vez por todas foi fechado. Amanhã, fará um ano desde a última paralisação, que à época tomou proporções tão grandes a ponto de impactar no crescimento no PIB. Com o governo emparedado por notícias ruins na política e na economia, a deixa para os caminhoneiros aumentarem a lista de reivindicações está dada.