Economia

Governo gastou R$ 16 bilhões para bancar estatais em 2018

Embora tenham conseguido melhorar resultados, empresas continuaram consumindo recursos públicos num patamar bem maior do que o ganho obtido pelo governo

Petrobras: das 46 estatais controladas diretamente pela União, 16 são dependentes do Tesouro Nacional (Sergio Moraes/Reuters)

Petrobras: das 46 estatais controladas diretamente pela União, 16 são dependentes do Tesouro Nacional (Sergio Moraes/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 20 de dezembro de 2019 às 17h55.

Última atualização em 20 de dezembro de 2019 às 19h55.

Brasília — Embora tenham conseguido melhorar seus resultados e pagar mais dividendos à União em 2018, as empresas estatais continuaram consumindo recursos públicos num patamar bem maior do que o ganho obtido pelo governo. O valor gasto pela União com subvenções (repasses para o pagamento de despesas com pessoal, custeio ou investimentos) de empresas dependentes do Tesouro Nacional atingiu R$ 16,1 bilhões no ano passado, valor 13,5% maior que o gasto em 2017.

De acordo com o Boletim das Participações Societárias da União, divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério da Economia, as estatais pagaram o equivalente a R$ 7,7 bilhões em dividendos no ano passado. Dividendos são participações nos lucros de uma empresa pagos aos acionistas. BNDES, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Petrobras foram responsáveis pela maior parte do resultado.

O documento mostra que os desembolsos com subvenções estão em trajetória crescente, pelo menos, desde 2014. De 2014 a 2018, o crescimento nominal das subvenções foi de 64%, enquanto o IPCA subiu 33,7% no período.

Já o pagamento de dividendos veio na trajetória oposta, com recuperação a partir de 2017. Em 2014, a União recebeu R$ 18,9 bilhões das estatais. No entanto, com deterioração do cenário econômico, o número foi encolhendo e chegou a R$ 2,8 bilhões em 2016. No ano passado, o quadro voltou a melhorar.

Em 2018, a expectativa é que o número alcance R$ 20,8 bilhões. Mesmo assim, a avaliação do boletim é que é preciso reduzir o grau de dependência das estatais do Tesouro para que os recursos públicos sejam aplicados de forma mais eficiente.

“A situação fiscal do Poder Público exige ainda mais a redução do grau de dependência de diversas estatais que hoje sobrevivem praticamente de subvenções para custeio, além de aportes de capital para a realização de investimentos, recursos estes crescentes, mesmo com a recuperação da economia. É necessário também que os benefícios sociais sejam mais bem quantificados e explicitados, para possível avaliação da melhor forma de intervenção do setor público”, destaca o texto

Das 46 estatais controladas diretamente pela União, 16 são dependentes do Tesouro Nacional, ou seja, recebem recursos do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social para cobrir despesas com pessoal e de custeio em geral.

Em 2018, a estatal que mais recebeu subvenções foi a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), R$ 4,5 bilhões, seguida pela Embrapa, R$ 3,5 bilhões, e pelo Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA), R$ 1,293 bilhão.

A União tem hoje 18 estatais federais dependentes, sendo que 14 delas tinham um grau de dependência superior a 80% em 2018. Isso significa que mais de 80% de toda a receita obtida por essas empresas foi decorrente de subvenções.

Entre 2014 e 2018, mesmo com o recebimento de subvenções, o conjunto das empresas estatais federais dependentes tem registrado prejuízos recorrentes. O resultado acumulado das empresas estatais federais dependentes, desconsiderando as subvenções, entre 2014 e 2018, seria um prejuízo líquido total de R$ 76,7 bilhões.

O valor patrimonial das participações nas empresas com controle direto atingiu R$ 319 bilhões no final de 2018. O número retoma ao patamar de 2014, no começo da crise na economia. As cinco principais estatais federais — BB, BNDES, Caixa, Eletrobras e Petrobras — respondem por aproximadamente 85% do patrimônio líquido das estatais federais no período.

Em 2018, seis empresas estatais apresentaram patrimônio líquido negativo, ou seja, a soma dos seus bens e direitos (ativo) não foi suficiente para cobrir as suas obrigações (passivo).

O relatório, que é anual, aponta que a União controlava 213 estatais ao fim de 2018, sendo 46 de forma direta e 167 de maneira indireta, ou seja, por meio de outras estatais. A carteira de participações contava também com fatias minoritárias em 59 empresas e com a titularidade em 9 fundos privados de natureza especial e em 14 organismos financeiros internacionais.

Acompanhe tudo sobre:Empresas estataisGoverno BolsonaroTesouro Nacional

Mais de Economia

Governo reduz contenção de despesas públicas de R$ 15 bi para R$ 13 bi e surpreende mercado

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025

“Existe um problema social gerado pela atividade de apostas no Brasil”, diz secretário da Fazenda

Corte de juros pode aumentar otimismo dos consumidores nos EUA antes das eleições