Economia

Governo fez rearranjo de contas às vésperas da eleição

Em apenas dois meses, equipe econômica "achou" um rombo de R$ 70,672 bilhões nas contas do governo


	Presidente Dilma Rousseff (PT) vota em Porto Alegre, durante o segundo turno das eleições
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Presidente Dilma Rousseff (PT) vota em Porto Alegre, durante o segundo turno das eleições (Paulo Whitaker/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2014 às 19h31.

Brasília - Os dados do relatório de avaliação do Orçamento deste ano mostram que a equipe econômica do governo Dilma Rousseff promoveu um grande rearranjo das contas públicas em setembro, às vésperas das eleições presidenciais. 

Em apenas dois meses, o equipe "achou" um rombo de R$ 70,672 bilhões nas contas do governo.

Esse é o aumento de abatimentos de desonerações tributárias e despesas com investimentos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) de setembro para novembro.

Em setembro, o governo previa um abatimento de R$ 35,229 bilhões, valor que subiu para R$ 106 bilhões.

O aumento do abatimento foi feito para acomodar um crescimento de R$ 32 bilhões nas despesas e uma queda de R$ 38,3 bilhões nas receitas, de acordo com o quinto relatório bimestral de reprogramação do Orçamento, divulgado nesta sexta-feira, 21, pelo Ministério do Planejamento.

Quando o governo divulgou o relatório de setembro, em meio às eleições, subestimou as despesas e superestimou as receitas, não reconhecendo que seria difícil cumprir a meta fiscal.

Descontingenciamento

De acordo com o Ministério do Planejamento, o governo descontingenciou também R$ 10,136 bilhões para serem gastos esse ano, para garantir programas prioritários em saúde, educação desenvolvimento social e combate à fome.

"Convém ressaltar que os valores dessa expansão que cabem ao Poder Executivo serão alocados nos Ministérios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para aplicação nas suas políticas finalísticas", afirma o relatório.

Economia internacional

O informe do governo afirma que a economia internacional afetou mais uma vez as perspectivas para a economia brasileira, o que fará o País crescer menos que o previsto anteriormente e registrar, também, uma inflação maior.

O Ministério do Planejamento revisou o PIB de 3% para 2% para o próximo ano e, a inflação, de 5% para 6,10%.

Em nota, a pasta argumenta que as mudanças ocorreram devido à deterioração do cenário internacional nos últimos meses, com menor perspectiva de crescimento das principais economias, e pela elevada volatilidade nos mercados financeiros mundiais.

O documento ainda cita a projeção de elevação da taxa de juros e ainda a possibilidade de deflação na Área do Euro como problemas.

"Esse quadro externo tem provocado volatilidade e a desvalorização da taxa de câmbio, com impacto na inflação. Além dos fatores já citados, o IPCA foi pressionado por problemas climáticos", diz o documento.

Apesar desses problemas, o ministério afirma que o compromisso do governo com o controle da inflação tem orientado as decisões de política monetária, com o aumento da taxa Selic.

Na nota, o governo diz acreditar que a política monetária conduzirá o IPCA a um nível menor em 2015.

O documento também tenta ser positivo. Diz que há perspectiva de retomada do crescimento nos Estados Unidos, o que favorece a economia global. Ele afirma, no entanto, que essa retomada ocorre em um período de tempo maior que o projetado inicialmente.

O ministério ainda exalta o mercado de trabalho e o classifica como "forte".

Segundo um trecho da nota, a inflação de novembro já mostrou sinais de arrefecimento e o indicador de atividade econômica do Banco Central já captou retomada do crescimento nos últimos dois meses.

"Assim, continuamos a projetar aceleração do crescimento em 2015 frente a 2014", finaliza.

Acompanhe tudo sobre:EleiçõesEleições 2014Governo DilmaOrçamento federalPolítica no Brasil

Mais de Economia

Governo reduz novamente previsão de economia de pente-fino no INSS em 2024

Lula encomenda ao BNDES plano para reestruturação de estatais com foco em deficitárias

Pacheco afirma que corte de gastos será discutido logo após Reforma Tributária

Haddad: reação do governo aos comentários do CEO global do Carrefour é “justificada”