Governo do presidente Jair Bolsonaro está "entre a cruz e a espada" nas negociações com os caminhoneiros, afirmou Santos Cruz (Ueslei Marcelino/Reuters)
Reuters
Publicado em 22 de abril de 2019 às 10h45.
Última atualização em 22 de abril de 2019 às 11h52.
O governo do presidente Jair Bolsonaro está "entre a cruz e a espada" nas negociações com os caminhoneiros, de um lado pressionado pelas restrições econômicas e de outro ante uma decisão política que pode evitar paralisação da categoria, disse o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto Santos Cruz, em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta segunda-feira.
O ministro reconheceu os problemas enfrentados pela categoria, mas disse que os caminhoneiros precisam entender as restrições financeiras enfrentadas pelo Executivo para atender a todas as reivindicações.
"Os caminhoneiros são trabalhadores, as condições de transporte de carga no Brasil são difíceis, é um trabalho desgastante e honroso que move uma grande parte da economia do Brasil. Tem problemas, e o governo tem de procurar ajudar na solução, mas a categoria também tem de entender que isso tudo existe dentro dos limites do contexto econômico, de legislação, que precisa ser entendido também", disse o ministro na entrevista.
"O governo fica sempre entre a decisão política e o limite econômico, está sempre entre a cruz e a espada", acrescentou.
Na semana passada, o governo anunciou um pacote de medidas para melhorar as condições de trabalho de caminhoneiros autônomos e reduzir os custos da categoria, incluindo promessa de 2 bilhões de reais para conclusão de obras e manutenção de rodovias e eixos viários importantes, além de linha de crédito para manutenção de veículos, em uma tentativa de reduzir o risco de uma greve.
Entidades que representam os caminhoneiros autônomos criticaram as medidas anunciadas, pois sustentam que não resolvem a principal demanda da categoria, o estabelecimento do piso mínimo de frete e seu cumprimento pelos contratantes de transporte de carga.
Além disso, aumento no preço do diesel anunciado pela Petrobras na última semana deixou os caminhoneiros autônomos "furiosos", de acordo com a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam).
A entidade, que afirma representar 600 mil caminhoneiros autônomos do país, sinalizou na semana passada, no entanto, que não havia planos de um greve da categoria. Está prevista para esta segunda-feira uma reunião da Confederação Nacional do Transportadores Autônomos (CNTA) com o ministro da Ifraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, em Brasília.
A Petrobras aumentou na quarta-feira em 4,8 por cento o preço médio do diesel nas refinarias, após ter cancelado uma alta de 5,7 por cento na semana anterior, em polêmica que envolveu o presidente Jair Bolsonaro.
A estatal voltou atrás na elevação inicial do diesel após Bolsonaro ter pedido à companhia uma explicação sobre os preços, o que provocou forte queda das ações da empresa na bolsa. O governo admitiu que a decisão de Bolsonaro se baseou nos riscos de uma nova greve dos caminhoneiros, como a que paralisou o país no primeiro semestre de 2018.