Economia

Governo espanhol diz que não suspenderá reforma trabalhista

Sindicatos espanhóis convocaram greve geral nesta quinta-feira contra a reforma

Os sindicatos acham que a reforma danifica os direitos dos trabalhadores, barateia a demissão e não servirá para criar novos empregos (Getty Images)

Os sindicatos acham que a reforma danifica os direitos dos trabalhadores, barateia a demissão e não servirá para criar novos empregos (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 29 de março de 2012 às 11h10.

Madri - A reforma trabalhista na Espanha "é irrefreável", afirmou nesta quinta-feira a ministra espanhola de Emprego, Fátima Báñez, ao comentar o desenvolvimento da greve geral em protesto contra esta norma aprovada pelo Executivo do Partido Popular (PP).

As declarações da ministra Báñez em entrevista coletiva aconteceram depois que os dois sindicatos majoritários na Espanha, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Comissões Operárias (CCOO), que convocaram a greve, reiteraram ao Governo sua reivindicação para negociar a reforma trabalhista.

'Esperamos que hoje tenha sido dado o sinal que o Executivo precisava para negociar com os sindicatos e transformar a greve em uma oportunidade', tinha afirmado o secretário-geral da CCOO, Ignacio Fernández Toxo, poucos minutos antes.

Em entrevista coletiva no Congresso dos Deputados (Câmara Baixa do Parlamento), Fátima Báñez disse em referência ao desenvolvimento da greve geral que o Governo está cumprindo com sua principal responsabilidade, que é garantir os direitos constitucionais dos cidadãos que desejam apoiar a greve e também daqueles que optam por trabalhar.

Báñez disse que a greve transcorre normalmente e sem incidentes, e acrescentou que os serviços mínimos funcionam perfeitamente.

Embora não tenha divulgado números sobre a participação na greve, ela afirmou que o dado 'mais objetivo' sobre seu acompanhamento era o consumo de energia, superior ao das duas últimas convocações de greve geral na Espanha, em 2002 e 2010.

O presidente do sindicato patronal espanhol, Juan Rosell, tinha informado à imprensa pouco antes que o consumo elétrico registrou até o meio-dia uma redução de 14%.

Por outro lado, os sindicatos UGT e CCOO destacaram que os setores industrial e de construção são os mais afetados pela greve, com 97% de adesão.


Sobre o pedido dos sindicatos de retirar a reforma trabalhista, Báñez insistiu que 'a agenda reformista (do Executivo) é imparável'.

'O que nos preocupa de verdade, nossa principal preocupação e ocupação é o emprego e dar oportunidades a esses 5,3 milhões de pessoas que estão paradas (desempregadas) atualmente e que precisam também exercer seu direito ao trabalho', afirmou.

A ministra destacou que a reforma trabalhista já tinha sido amplamente apoiada pelo Congresso, ao receber o sinal verde de 197 deputados e quatro forças políticas.

Além disso, ela disse que na tramitação parlamentar o Executivo espera as propostas e a contribuição de todos os grupos para melhorar o texto, com a esperança de que finalmente seu respaldo seja maior do que no dia de sua aprovação.

Em qualquer caso, ela reiterou que as partes fundamentais da reforma serão mudadas, 'porque assim será possível frear o mais rápido possível a destruição do emprego e sentar as bases para que o crescimento econômico possa criar empregos estáveis'.

Os sindicatos acham que a reforma alvo desta greve geral danifica os direitos dos trabalhadores, barateia a demissão e não servirá para criar novos empregos em um país com 23% da população ativa desempregada, em uma economia entrando em recessão.

O Executivo argumenta, no entanto, que o alto desemprego é a razão principal pela qual a reforma é necessária, destinada a flexibilizar o mercado de trabalho e torná-lo menos rígido. 

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