Economia

Governo e especialistas discordam sobre vendas de veículos

Enquanto o governo Temer estima que as vendas de veículos do ano que vem vão crescer 9,2%, analistas manifestam ceticismo sobre a projeção


	Carros: "não tem como chegar a 9% ano que vem. Com sorte (2017) vai ser igual a este ano", afirmou especialista
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Carros: "não tem como chegar a 9% ano que vem. Com sorte (2017) vai ser igual a este ano", afirmou especialista (.)

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Da Redação

Publicado em 14 de julho de 2016 às 17h28.

São Paulo - O governo federal estima que as vendas de veículos no Brasil em 2017 vão crescer 9,2 por cento sobre este ano, segundo documento do Ministério do Planejamento enviado à Comissão Mista de Orçamento (CMO).

A projeção, se confirmada, representaria significativa virada sobre as expectativas para o mercado de veículos este ano, que deve sofrer a quarta queda consecutiva, recuando 19 por cento sobre o volume comercializado em 2015.

A projeção do governo veio dentro do cenário de crescimento esperado de 1,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2017, que gerará receitas de 19,8 bilhões de reais por meio de arrecadação, segundo o documento enviado à CMO.

Analistas do mercado de veículos, porém, manifestaram ceticismo sobre a projeção.

"Não tem como chegar a 9 por cento ano que vem. Com sorte (2017) vai ser igual a este ano", afirmou Raphael Galante, consultor para o setor automotivo na empresa de pesquisa de mercado Oikonomia.

"Teoricamente, atualmente estamos chegando na barriga do 'U' e talvez iniciando um certo crescimento, mas ainda não tem confiança (do consumidor), não tem crédito e esses fatores levam tempo para se firmar", acrescentou Galante.

A última vez que o mercado brasileiro de veículos se aproximou de um crescimento de 10 por cento foi em 2010, quando foram vendidos 3,5 milhões de unidades.

Para o gerente de desenvolvimento de negócios da consultoria Jato Dynamics, especializada no mercado de automóveis, Milad Kalume Neto, o mercado interno deve começar a reverter apenas a partir de 2018.

"Dificilmente as vendas do ano que vem vão passar das 2 milhões de unidades (esperadas para 2016)", disse Neto. "Estamos vindo de uma base muito fraca, com economia desestabilizada e desemprego elevado", acrescentou.

Segundo Neto, uma recuperação das vendas mais significativa deve ocorrer apenas ao longo dos próximos anos e a produção poderia retomar o pico atingido de 3,7 milhões de unidades, visto em 2013, apenas em 2021 ou 2022. A expectativa da indústria para a produção de veículos este ano é de queda de 5,5 por cento, a 2,3 milhões de unidades.

De acordo com projeções do Bradesco, o mercado de veículos do Brasil deve ter vendas de 2,140 milhões de unidades em 2017, o que representaria crescimento de cerca de 2 por cento sobre 2016. Para 2018, a expectativa é de vendas de 2,22 milhões de veículos, alta de 4 por cento.

Procuradas, as associações que representam a indústria (Anfavea) e os concessionários de veículos (Fenabrave) não puderam comentar o assunto de imediato.

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