EUA: sobretaxa começará a ser cobrada em 23 de março (Mike Theiler/Reuters)
Reuters
Publicado em 19 de março de 2018 às 20h39.
O Departamento de Comércio dos Estados Unidos disse nesta segunda-feira que começará a aceitar pedidos de importadores norte-americanos que não queiram pagar a sobretaxa sobre aço e alumínio de outros países, em um movimento que pode beneficiar empresas brasileiras, segundo uma fonte que acompanha o tema entre a indústria nacional.
Companhias norte-americanas podem solicitar ao governo dos EUA a exclusão das tarifas por produto, se não houver produção local dos metais que atenda aos parâmetros usados por elas, segundo o documento publicado pelo secretário de Comércio dos EUA, Wilbur L. Ross.
Os pedidos serão submetidos a outras áreas do governo norte-americano, como o Departamento de Defesa, por exemplo, uma vez que a sobretaxa foi aplicada sob o argumento de defesa nacional, além de siderúrgicas dos EUA, que podem contestar o pedido ou iniciar a produção para atender aquela demanda, disse uma fonte, que preferiu não se manifestar por trabalhar diretamente com o assunto no Brasil.
O Departamento de Comércio deverá responder aos pedidos de exclusão em até 90 dias. A sobretaxa começará a ser cobrada em 23 de março.
A regra para pedidos de exceção é vista pelo setor privado brasileiro como um caminho rápido e técnico para solucionar problemas, uma vez que a maior parte dos embarques nacionais para os EUA se compõe de aços semiacabados, produto que o país não possui autossuficiência e que precisa passar por usinas de laminação locais antes de se transformarem em itens como portas de carros ou geladeiras, de acordo com a fonte.
A indústria brasileira está dividida em relação ao tema, uma vez que grupos como Gerdau, CSN e Usiminas produzem nos EUA, mas as duas últimas não possuem a mesma produção e capacidade da primeira, disse a fonte.
Ao mesmo tempo em que o setor privado se movimenta, diversos países como Brasil, Japão e União Europeia buscam negociações bilaterais com os Estados Unidos sobre as tarifas de 25 por cento sobre o aço e 10 por cento sobre o alumínio definidas pelo presidente Donald Trump em 8 de março.
Os líderes financeiros do mundo procuraram apoiar o livre comércio nesta segunda-feira, ao mesmo tempo em que os EUA disseram que não poderiam sacrificar os interesses nacionais.
(Por redação de Washington; reportagem adicional de Iuri Dantas, em São Paulo)