Fachada de agência do Banco do Chipre: o valor anterior era de 17,5 bilhões de euros (REUTERS/Bogdan Cristel)
Da Redação
Publicado em 11 de abril de 2013 às 14h02.
Nicósia - O porta-voz do Governo do Chipre, Jristos Stylianidis, reconheceu nesta quinta-feira que seu país necessita de 23 bilhões de euros, entre os fundos de 10 bilhões que a troika outorgará e outros 13 bilhões em medidas de economia e altas nos impostos que o Estado cipriota arrecadará.
O Executivo confirmou, desta maneira, as necessidades de financiamento indicadas pelo relatório sobre Sustentabilidade da Dívida Pública do Chipre, redigido pela Comissão Europeua (CE) e o Banco Central Europeu (BCE).
Desde que o anterior governo cipriota soliticou ajuda da troika, as necessidades de financiamento do Chipre vinham sendo em torno dos 17,5 bilhões de euros (equivalente a seu PIB), mas segundo Stylianidis, a demora em atuar do anterior Executivo provocou um aumento destas necessidades devido à fuga de capitais.
Quando se tem tantas saída de dinheiro dos bancos locais, infelizmente, se chega a esta quantia. O que se deduz do relatório é que o Governo anterior, por ter atuado dessa maneira irresponsável, levou o país a esta tragédia econômica e provocou um aumento (das necessidades de financiamento) até os 23 bilhões de euros, apesar de que a quantidade estipulada no primeiro memorando, em novembro, era de 17,5 bilhões de euros", disse.
Por outro lado, Stylianidis também confirmou que a proposta de colocar à venda parte das reservas de ouro para arrecadar 400 milhões de euros, também incluída no relatório da CE, está sobre a mesa, embora tenha explicado que a decisão entra dentro das competências do Banco Central.
A porta-voz do Banco Central, Aliki Stylianu, tinha dito anteriormente que a venda do ouro está fora de discussão.
Este é mais um episódio das más relações e falta de comunicação entre a instituição financeira central e o Governo dirigido pelo conservador Nicos Anastiasiades.
Após as críticas do partido de Anastasiadis ao governador do Banco Central, Panikos Dimitriadis, que é acusado de ter ocultado informações sobre a situação dos bancos, o Parlamento decidiu abrir uma investigação contra ele para decidir se existe responsabilidade penal em seu comportamento.
O governador do BCE, Mario Draghi, em carta enviada ao Chipre, manifestou sua preocupação pelo processo iniciado no Parlamento, que poderia culminar na demissão de Dimitriadis.
"Como sabem, a independência dos bancos centrais é um pilar fundamental das instituições econômicas da União Europeia", afirmou Draghi.
Além disso, lembrou que a legislação europeia só contempla dois casos nos quais é possível fazer o governador do Banco Central renunciar: que não se encontre em condições de cumprir sua incumbência ou que seja culpado de negligências graves.
O presidente do BCE advertiu que um processo para forçar a saída desse posto "é um passo muito sério que só pode ser dado caso haja sérias alegações contra" o governador em questão.
Os meios de imprensa cipriotas fizeram eco que durante o dia todo de ontem, Dimitriadis não respondeu às ligações telefônicas de Anastasiadis, embora segundo explicou hoje o porta-voz do Executivo, ambos líderes tiveram hoje uma "longa conversa". EFE