Economia

Governo descarta saída de Levy, que volta atrás e irá ao G20

O governo fez um esforço concentrado para demonstrar que o ministro da Fazenda ainda está na condução da economia brasileira


	O ministro da Fazenda, Joaquim Levy
 (Paulo Whitaker/Reuters)

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2015 às 21h29.

Brasília - O governo fez nesta quinta-feira um esforço concentrado para demonstrar que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ainda está na condução da economia brasileira, apesar de intensas especulações de perda de espaço e de que deixaria o cargo, após inicialmente cancelar viagem à Turquia para reunião do G20.

“O ministro Levy fica no governo. É um ministro forte. As diretrizes da macroeconomia são do ministro Levy. As diretrizes são de um governo que busca autoridade, equilíbrio fiscal e persegue superávit (primário)”, disse à Reuters o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva.

Levy, que chegou mais cedo a cancelar sua viagem para a reunião do G20 na Turquia, voltou atrás após participar de reunião da Junta Orçamentária no Palácio do Planalto.

A convocação de Levy para a reunião liderada pela presidente Dilma Rousseff foi outro gesto para mostrar que o titular da Fazenda continua forte. O encontro estava previsto apenas com os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Nelson Barbosa (Planejamento).

Em entrevista após a reunião da Junta Orçamentária, Mercadante enfatizou ser "evidente" que Levy fica.

"Ele tem compromisso com o Brasil, tem compromisso com esse projeto, sabe a importância que ele tem para a sétima economia do mundo como ministro da Fazenda", afirmou. Segundo Mercadante, a permanência de Levy no cargo não foi tratada na reunião. "Tratamos de coisas objetivas e construtivas”, garantiu.

Nos últimos dias, especulações de que o ministro da Fazenda poderia deixar o governo foram apontadas entre as razões para a disparada do dólar ante o real, que chegou nesta quinta-feira a 3,8175 reais durante os negócios, sua cotação mais alta em quase 13 anos.

A moeda norte-americana encerrou o dia estável em relação ao fechamento anterior, a 3,7598 reais na venda.

O aparente enfraquecimento do ministro, que perdeu o debate interno sobre o Orçamento de 2016 --Levy defendia um corte maior dos gastos e o envio da proposta sem déficit primário-- deixou investidores nervosos.

TURBULÊNCIA

O grau de especulação em torno de uma possível saída de Levy deixou o governo extremamente preocupado, daí a reação feita nesta quinta-feira.

“Tem gente especulando e tentando ganhar dinheiro com turbulência. Pode ter certeza que isso não está na pauta do governo", afirmou Mercadante, acrescentando que aqueles que apostarem na saída de Levy do governo irão perder.

Segundo o ministro Edinho, muita especulação é ruim para o país, especialmente em um momento de instabilidade econômica internacional. Na quarta-feira, a própria presidente saiu em defesa de Levy. Em entrevista a jornalistas, afirmou que o ministro da Fazenda não estava isolado ou desgastado.

“O ministro Levy não está desgastado dentro do governo. Ele participou conosco de todas as etapas da construção desse Orçamento. Ele tem o respeito de todos nós. Não contribui para o país esse tipo de fala de que o ministro Levy está desgastado", disse a presidente.

As declarações de Dilma foram feitas depois que o próprio ministro reclamou que estava sendo desgastado pelos colegas, em uma tentativa de debelar as especulações.

Edinho afirmou, ao ser questionado sobre o fato de as posições de Levy não terem prevalecido no Orçamento de 2016, que o governo debate muito. “O ministro (Levy) participa de todos (debates). Mas a presidente arbitra e decide”, respondeu.

Duas fontes do governo garantiram à Reuters mais cedo que o ministro não tinha intenção de deixar o governo, mas precisava de apoio claro do Planalto para seguir trabalhando.

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