De janeiro a setembro, as importações de soja subiram 314,7% em valor e 326,6% em volume (Alexis Prappas/Exame)
Agência O Globo
Publicado em 16 de outubro de 2020 às 06h25.
Última atualização em 16 de outubro de 2020 às 12h05.
Cerca de um mês depois de reduzir a zero, até dezembro deste ano, a alíquota de importação de arroz de países que não fazem parte do Mercosul, o governo poderá fazer o mesmo com a soja,
farelo de soja, óleo de soja e milho. A suspensão temporária das tarifas está na pauta de uma reunião do Grupo Executivo da Câmara de Comércio Exterior (Gecex), nesta sexta-feira, e o objetivo é forçar a queda dos preços no mercado interno.
A redução das alíquotas de produtos do complexo soja e do milho vem sendo cogitada há algum tempo. Há alguns dias, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) pediu a diminuição das tarifas de milho e soja, atualmente em 8%.
A entidade justificou o pedido alegando alta nos custos de produção de carnes suína e de frango e dos ovos. Usados como alimentos para os animais, soja e milho chegaram a ficar 70% mais caros em alguns locais, em relação ao ano passado. Segundo uma fonte do governo, as empresas processadoras de grãos também apoiam a medida.
No sábado passado, o presidente Jair Bolsonaro demonstrou que está incomodado com o aumento do preço da soja.
Disse que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, iria marcar uma reunião com os grandes produtores, para discutir o assunto, mas deixou claro que sua intenção não é tabelar ou congelar as cotações do produto no Brasil.
O preço da saca de 60kg de soja no porto de Paranaguá subiu 77% neste ano. Esse aumento faz com que os produtores avaliem ser mais atraente direcionar seus produtos para a exportação. Com isso, a oferta de soja no país diminui e os preços aumentaram. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o preço médio do óleo de soja de 900 ml no Rio de Janeiro subiu 40%, de R$ 4,15 em janeiro para R$ 6,90 em setembro deste ano.
De janeiro a setembro, as importações de soja subiram 314,7% em valor e 326,6% em volume, segundo o Ministério da Economia. As compras do Paraguai e da Argentina, isentas de impostos, aumentaram, respectivamente, 488,4% e 255,3%. Principal concorrente do Brasil no mercado internacional, os Estados Unidos enviaram ao mercado brasileiro, no período, 333,7% a mais do que nos nove primeiros meses de 2019.
No caso do milho, tanto exportações como importações estão em queda este ano. As vendas ao exterior caíram 32,1% em valor e 29,2% em volume. As compras tiveram decréscimos de 7,3% em dólares e 13,6% em quantidade. A expectativa é que, com a queda do Imposto de Importação, o país compre mais milho de fora. Hoje, o Brasil importa milho do Paraguai e da Argentina e os EUA seriam beneficiados com a isenção do tributo.
Já o impacto da redução da alíquota de importação de arroz, que antes da suspensão era de 12%, só deverá ser sentido com maior intensidade a partir deste mês, acreditam técnicos da área econômica. Até setembro, a alta acumulada nas compras externas do produto era de 95,6%, mas a base de comparação, no ano passado, era muito baixa, uma vez que o Brasil não é tradicional comprador do produto de mercados de fora do Mercosul.