Economia

Governo dá 5 dias para supermercados explicarem alta no preço de alimentos

Na semana passada, Bolsonaro pediu que donos de supermercados sejam "patriotas" e segurem os preços dos alimentos da cesta básica

Supermercado (Paulo Whitaker/Reuters)

Supermercado (Paulo Whitaker/Reuters)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 9 de setembro de 2020 às 16h21.

Última atualização em 9 de setembro de 2020 às 20h19.

Após o presidente Jair Bolsonaro pedir que supermercados tenham “patriotismo” e baixem preços dos alimentos da cesta básica, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça, notificou nesta quarta-feira, 9, empresas de produção e distribuição desses alimentos, que terão cinco dias para se posicionar.

"Diante do sensível aumento de preços de itens da cesta básica, em especial do arroz, a Secretaria Nacional do Consumidor decidiu notificar o setor produtivo e comercial para esclarecer as causas do aumento nos alimentos que compõem a cesta básica brasileira", diz a secretaria em comunicado.

Embora a inflação oficial esteja controlada e muito abaixo da meta do Banco Central, a alta nos preços de itens básicos para a alimentação do brasileiro, como arroz e feijão, vem influenciando a percepção de inflação nas gôndolas dos mercados.

A alta de preços foi notada especialmente em relação ao arroz, como destacou a secretaria, que, "apesar dos positivos volumes produtivos da última safra, sofreu diminuição da oferta no contexto global, o que ocasionou elevação no preço".

O arroz acumula alta de 19,25% no ano, chegando a dobrar em alguns lugares, e o feijão, dependendo do tipo e da região, já tem inflação acima dos 30%, segundo o IBGE.

"Caso haja indícios concretos de abuso de preço, a Secretaria Nacional do Consumidor poderá investigar e sancionar administrativamente os incidentes como infrações aos direitos dos consumidores. As multas podem ultrapassar R$10 milhões", acrescenta a Senacon.

O anúncio do governo atende a um pedido da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Segundo a Associação Paulista de Supermercados (APAS), a retirada da taxa não reduzirá os preços para patamares do início do ano, porém pode atenuar o aumento.

Em nota, a Associação Paulista de Supermercados (APAS) diz que "tem reforçado, desde o início da pandemia, para que os supermercados associados não aumentem suas margens de lucro e repassem aos consumidores apenas o aumento proveniente dos fornecedores, de modo que possamos assegurar o emprego dos nossos colaboradores e garantir que a população tenha alimentos de qualidade à disposição".

Acompanhe tudo sobre:AlimentosCrise econômicaInflaçãoSupermercados

Mais de Economia

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1