Economia

Governo central tem pior primário para setembro desde 2009

Mesmo assim, o Tesouro Nacional manteve a perspectiva de que a meta cheia do setor público consolidado será cumprida neste ano


	Palácio do Planalto: mau desempenho das receitas já era esperado, uma vez que a arrecadação tributária registrou no mês passado a quarta queda mensal
 (Ana Araújo/Veja)

Palácio do Planalto: mau desempenho das receitas já era esperado, uma vez que a arrecadação tributária registrou no mês passado a quarta queda mensal (Ana Araújo/Veja)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2012 às 20h25.

Brasília - O governo central --formado pelo governo federal, Banco Central e INSS-- registrou em setembro o pior resultado primário para o mês desde 2009, abalado pelas receitas menores. Mesmo assim, o Tesouro Nacional manteve a perspectiva de que a meta cheia do setor público consolidado será cumprida neste ano.

No mês passado, a economia feita para pagamento de juros feita pelo governo central ficou em 1,256 bilhão de reais, o pior saldo para esses meses desde 2009, em meio à crise internacional, quando registrou déficit primário de 7,813 bilhões de reais.

O desempenho do mês passado elevou o acumulado do ano para 54,766 bilhões de reais, 27,3 por cento menor que o volume verificado em igual período de 2011.

"O resultado foi bastante impactado pela receita, que é reflexo da baixa taxa de crescimento no ano. Mas estamos num período em que a economia está voltando a crescer e se estima uma recuperação da receita nos meses subsequentes", afirmou a jornalistas o secretário do Tesouro, Arno Augustin, acrescentando que o aumento das despesas também impactou o resultado agora.

A receita total do governo central caiu 0,5 por cento, para 81,361 bilhões de reais, em setembro. Já a despesa total ficou em 69,163 bilhões de reais, com aumento de 4,9 por cento na comparação com o mês anterior devido ao pagamento de 13º salário a aposentados e pensionistas.

O mau desempenho das receitas já era esperado, uma vez que a arrecadação tributária registrou no mês passado a quarta queda mensal, somando 78,215 bilhões de reais.


Augustin, mesmo assim, defendeu que a meta cheia de superávit primário do setor público consolidado --que, além do governo central, inclui estatais, Estados e municípios e tem como meta 139,8 bilhões de reais-- será cumprida neste ano, apesar de reconhecer que os governos regionais não devem cumprir o objetivo de economizar 42,8 bilhões de reais.

"A minha estimativa é de não cumprimento do primário deles (Estados e municípios), que estão sendo mais afetados pela receita menor neste ano", afirmou.

Mesmo assim, o secretário espera uma melhora nas contas públicas neste fim de ano por causa do desempenho da arrecadação, que é melhor em outubro e dezembro por conta do calendário favorável para o recolhimento de alguns impostos.

A receita com dividendos vindas das empresas estatais também vai continuar ajudando apesar de, em setembro, ter recuado 38,2 por cento sobre agosto, a 3,603 bilhões de reais. Desse total, segundo o secretário, o Banco do Brasil contribuiu com 415 milhões de reais, a Caixa Econômica Federal com 1,5 bilhão de reais e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com 1,259 bilhão de reais.

"Estatais quem têm ações listadas em bolsa, temos uma política que nada tem a ver com primário. Mas BNDES e Caixa, sim... Quando a economia tem crescimento maior, não precisamos trazer dividendos. Nos anos mais difíceis, como é 2012, fazemos isso com mais intensidade", reconheceu Augustin.

Neste ano, segundo avaliação do mercado, o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve crescer apenas 1,54 por cento, segundo pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira.

PREVIDÊNCIA A Previdência Social apresentou em setembro déficit de 11,121 bilhões de reais, ainda segundo dados do Tesouro, mais do que o dobro do mês anterior (4,936 bilhões de reais). O elevado déficit veio do aumento de 5,3 bilhões de reais em setembro frente a agosto por pagamento antecipado de parte 13o salário aos aposentados e pensionistas.

O resultado pior também veio da arrecadação líquida na Previdência menor em 924 milhões de reais, no período, devido à desoneração na folha de pagamento das empresas.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralGovernoIndicadores econômicosMercado financeiro

Mais de Economia

Toffoli homologa acordo para ressarcir vítimas de fraudes do INSS

Câmara dos Deputados aprova urgência para apreciação de projeto que revisa benefícios fiscais

PF deve instaurar inquérito para investigar ataque hacker a instituições financeiras

Câmara pode votar hoje urgência de projeto sobre corte de benefícios tributários