Economia

Governo avalia baratear o crédito ao campo para conter alta nos alimentos

O conjunto de iniciativas é planejado no momento em que o país ainda vive o impacto da inflação da comida, que gerou uma revisão para cima do IPCA e da Selic

Agronegócio: ainda há regiões do país em que o cultivo é feito de forma muito precária (Cristiano Mariz/Exame)

Agronegócio: ainda há regiões do país em que o cultivo é feito de forma muito precária (Cristiano Mariz/Exame)

AO

Agência O Globo

Publicado em 4 de abril de 2021 às 10h08.

Última atualização em 6 de abril de 2021 às 09h28.

Diante da alta de preços de alimentos, o governo estuda medidas para reduzir o impacto de fatores externos sobre o preço dos alimentos, incluindo ações para diminuir a dependência de produtos comprados em dólar.

O conjunto de iniciativas é planejado no momento em que o país ainda vive o impacto da inflação da comida, que gerou uma revisão para cima nas projeções do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e aumento da Selic, a taxa básica de juros do país.

São exemplos de medidas em estudo linhas de crédito mais baratas para financiar novas tecnologias no campo. Também se discute formas de reduzir a dependência do Brasil por adubos e fertilizantes. Com o dólar mais alto, os elevados custos com a importação acabam repassados para os preços.

No ano passado, preços de alimentos básicos acumularam alta por causa de fatores como a taxa de câmbio e a forte demanda internacional.

Estoques de milho e soja baixos nos EUA

O governo anunciou ações, como a retirada de tarifas de importação do arroz até dezembro, mas a medida foi insuficiente para reverter a pressão nas gôndolas. O produto chegou a registrar queda no início deste ano, mas ainda acumula alta de 69,8% em 12 meses.

O comportamento das commodities segue no radar do Ministério da Agricultura. O diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento da pasta, Silvio Farnese, destaca que a Ásia aumentou seu consumo de grãos e proteína animal.

Além disso, os estoques de milho e soja dos Estados Unidos são os mais baixos dos últimos anos, e os demais sócios do Mercosul enfrentam a mesma situação. Há grãos estocados no Brasil, mas estão nas mãos do setor privado.

"Apesar de tudo, não há desabastecimento no país", disse Farnese, que afirma ter identificado a estabilização dos preços de determinados produtos e até barateamento do arroz.

Discrepâncias na produção

Para elevar a produtividade, uma vez que não há mais como ampliar a fronteira agrícola, o Brasil precisa investir em tecnologia, na avaliação de Ana Paula Kowalski, do Departamento Técnico Econômico (DTE) da Federação de Agricultura do Estado do Paraná (Faep)

O país já explora a maior parte das terras cultiváveis e não tem espaço para expansão, embora possa investir na recuperação das áreas de pastagem degradadas para conversão em lavoura.

A especialista destaca que, além de buscar soluções tecnológicas, é preciso investir em assistência técnica para acompanhar o produtor, especialmente os pequenos, para compensar discrepâncias regionais.

"Enquanto no Centro-Oeste e no Sul tem alta tecnologia sendo empregada, maquinário eficiente, melhor genética e manejo na maioria das áreas, temos regiões do país em que o cultivo ainda é feito de forma muito precária e há baixa produtividade."

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioAlimentosCréditoEXAME-no-InstagramGoverno BolsonaroInflaçãoMáquinas agrícolas

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE