A concessionária CCR saiu como vencedora de dois dos três blocos de aeroportos concedidos (Ariana Drehsler/The New York Times)
Alessandra Azevedo
Publicado em 7 de abril de 2021 às 11h30.
Última atualização em 7 de abril de 2021 às 12h21.
No primeiro dia da chamada Infra Week, nesta quarta-feira, 7, o governo federal arrecadou 3,3 bilhões de reais em outorga com o leilão de concessão de 22 aeroportos hoje administrados pela Infraero. O ágio médio -- diferença entre os valores mínimos para lances definidos pelo governo e os ofertados pelas empresas vencedoras -- foi de 3.822%.
As concessões acontecem enquanto as empresas aéreas enfrentam dificuldades por conta da pandemia de covid-19. Medidas como restrições de voos, limitações turísticas e recomendação de evitar viagens, para diminuir o contágio pelo novo coronavírus, resultaram na maior crise do setor na história.
O governo considera que conseguiu boas ofertas no leilão desta quarta. No fim do processo, a Companhia de Participações em Concessões (grupo CCR) foi a que mais adquiriu ativos, ao vencer o leilão de dois dos três blocos: o Sul e o Central, com proposta de outorga fixa de 2,882 bilhões de reais. A companhia vai administrar 15 aeroportos pelos próximos 30 anos.
Fazem parte do Bloco Sul, o mais cobiçado, os aeroportos de Curitiba (PR), Foz do Iguaçu (PR), Londrina (PR), Bacacheri em Curitiba (PR), Navegantes (SC), Joinville (SC), Pelotas (RS), Uruguaiana (RS) e Bagé (RS). A proposta final por esses nove ativos foi de 2,128 bilhões de reais. Ágio de 1.534,36% sobre o lance mínimo, de 130,2 milhões de reais.
A CCR disputou os aeroportos do Bloco Sul com a espanhola Aena, que já administra seis aeroportos no Brasil. A companhia fez o segundo maior lance, de 1,050 bilhão de reais e com o consórcio formado pela gestora de fundos Pátria e o aeroporto de Houston.
No Bloco Central, também agora nas mãos da CCR, estão os aeroportos de Goiânia (GO), Palmas (TO), São Luís (MA), Imperatriz (MA), Teresina (PI) e Petrolina (PE). O lance vencedor foi de 754 milhões de reais e a outorga mínima era a menor entre os blocos, de 8,146 milhões de reais -- o ágio chegou a 9.156,01%.
A Inframérica e a Socicam também deram ofertas para o Bloco Central, mas muito abaixo do que partiu da CCR: 9,787 milhões e 40,327 milhões, respectivamente.
O Bloco Norte ficou com a francesa Vinci Airports, que administra o aeroporto de Salvador e o Charles de Gaulle, em Paris, com lance final de 420 milhões de reais. Fazem parte dele sete aeroportos: de Manaus (AM), Tabatinga (AM), Tefé (AM), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Cruzeiro do Sul (AC) e Boa Vista (RR). O ágio foi de 777,47% sobre a outorga mínima, de 47,865 milhões de reais.
O governo espera atrair até 10 bilhões de reais em novos investimentos esta semana. A Infra Week continua nos próximos dois dias, com o leilão do primeiro trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), nesta quinta-feira, 8, e de cinco terminais portuários (um em Pelotas e quatro em Itaqui), na sexta-feira, 9.
O objetivo do governo com a concessão do trecho da Fiol, que liga Ilhéus a Caetité, na Bahia, é otimizar o processo para que a ferrovia seja usado como um corredor de exportação de minério de ferro e de grãos. A Fiol tem 537 quilômetros de extensão.
Dos cinco terminais portuários, quatro são no Porto de Itaqui, no Maranhão, e um é em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Os que devem atrair mais lances são os do Maranhão, devido ao potencial para combustíveis, já que são usados para armazenamento de granéis líquidos.
Bloco Sul:
Lance mínimo: R$ 130,2 milhões
Lance da CCR (vencedora): R$ 2,128 bilhões, ágio de 1534%
Proposta da Aena: R$ 1,050 bilhão
Proposta da Infraestrutura Brasil Holding 12 (liderado pela Pátria): R$ 300 milhões
Bloco Norte:
Lance mínimo: R$ 47,86 milhões
Lance da Vinci (vencedora): R$ 420 milhões, ágio de 777%
Proposta da Aero Brasil: R$ 50 milhões
Bloco Central:
Lance mínimo: R$ 8,15 milhões
Lance da CCR (vencedora): R$ 754 milhões, ágio de 9.156%
Proposta do Socicam: R$ 40,327 milhões
Proposta da Inframérica: R$ 9,787 milhões