Economia

Governo argentino busca apoio no Senado para expropriar YPF

Os debates para aprovação definitiva da nacionalização da empresa poderão demorar mais de dez horas e se estender até a noite de hoje

O projeto declarou de utilidade pública e sujeito à expropriação 51% das ações de YPF de propriedade de Repsol, que controla 57,43% da companhia petrolífera (Wikimedia Commons)

O projeto declarou de utilidade pública e sujeito à expropriação 51% das ações de YPF de propriedade de Repsol, que controla 57,43% da companhia petrolífera (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2012 às 18h42.

Buenos Aires - O governo argentino buscou nesta quarta-feira apoio no Senado para avançar na aprovação do projeto de lei de expropriação da companhia petrolífera YPF, do grupo espanhol Repsol, que está sendo discutido nesta casa.

Os debates para aprovação definitiva da nacionalização da empresa poderão demorar mais de dez horas e se estender até a noite de hoje.

A oposição no Senado aproveitou a ocasião para criticar a política energética da presidente do país, Cristina Kirchner, e questionar a nomeação do ministro do Planejamento, Julio de Vido, como chefe da equipe de interventores da YPF.

O governo conquistou o apoio de radicais, peronistas dissidentes e até do ex-presidente Carlos Menem, que apesar de durante seu mandato ter privatizado a YPF, defendeu a nacionalização.

O projeto declarou de utilidade pública e sujeito à expropriação 51% das ações de YPF de propriedade de Repsol, que controla 57,43% da companhia petrolífera.

A iniciativa, enviada ao Parlamento em 16 de abril, mesmo dia em que a presidente decretou a intervenção, também prevê a expropriação das ações da YPF Gás.

A nacionalização da YPF é um ato "derivado de uma conseqüente e imperiosa necessidade de concretizar em matéria energética a reversão fundamental de paradigmas que caracterizaram o neoliberalismo", disse durante o debate o governista Marcelo Fuentes, presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais do Senado.


Já a opositora María Eugenia Estenssoro, da Coalizão Cívica, decidiu se abster da votação após denunciar que "o golpe de misericórdia" para a companhia petrolífera foi dado por Menem, com a privatização "aplaudida" por grande parte dos dirigentes do país, inclusive o ex-presidente Néstor Kirchner, morto em 2010.

"Não podemos consertar esse grave erro com outro ato de corrupção", criticou María Eugenia, para quem "culpar a gestão de Repsol pela maior crise petrolífera de nossa história é uma simplificação e uma armadilha".

A senadora questionou um modelo de "hiperconcentração de riqueza e poder" e criticou a nomeação de Julio de Vido à frente da intervenção da YPF, pois "pesam sobre suas costas" problemas como o acidente de trem que causou recentemente a morte de 51 pessoas em Buenos Aires e o colapso da produção petrolífera.

Enquanto os senadores debatiam a nacionalização da maior empresa argentina, a Repsol afirmou num anúncio publicado na imprensa local que não é verdade que a YPF reduziu sua "produção de petróleo e gás mais do que o resto das companhias" que operam na Argentina, e sustentou que investiu mais de US$ 20 bilhões desde que comprou a maior parte das ações empresa, em 1999.

Os interventores da YPF, liderados por De Vido e o vice-ministro de Economia, Axel Kicillof, refutaram os dados apresentados pela Repsol e afirmaram que o valor líquido investido nestes 13 anos pelo grupo foi de US$ 3,669 bilhões.

Além disso, os dois se reuniram hoje com José Ignacio Mendiguren, presidente da União Industrial Argentina, a maior patronal do país, com o objetivo de aumentar a presença da indústria nacional entre os provedores da empresa, segundo um comunicado oficial. 

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