Economia

Governo apressa pacotes para evitar alta da Selic

Com a inflação ainda pressionada, a "grande" oportunidade para o BC elevar a Selic e assim iniciar um ciclo de aperto para frear o consumo será entre abril e maio


	Segundo cálculos internos do governo, o IPCA deve ter superado a barreira dos 6,5% nos 12 meses acumulados em março. O número oficial será divulgado amanhã (10) pelo IBGE
 (REUTERS/Bruno Domingos)

Segundo cálculos internos do governo, o IPCA deve ter superado a barreira dos 6,5% nos 12 meses acumulados em março. O número oficial será divulgado amanhã (10) pelo IBGE (REUTERS/Bruno Domingos)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2013 às 09h27.

Brasília - O governo federal tem diante de si uma janela de oportunidade para influenciar a política monetária ainda neste ano. A avaliação é da própria equipe econômica do governo, para quem os meses de abril e maio são decisivos para adotar medidas que seduzam os corações e mentes dos diretores do Banco Central na definição da trajetória da taxa básica de juros, a Selic.

A questão é que a janela se abre para dois lados. Com a inflação ainda pressionada, a "grande" oportunidade para o Banco Central (BC) elevar a Selic e assim iniciar um ciclo de aperto para frear o consumo e consequentemente os preços, será entre abril e maio. Parte do mercado financeiro aposta que o BC vai elevar os juros no mês que vem.

Antevendo isso, o governo federal antecipou várias medidas fiscais, previstas para serem anunciadas ao longo do ano, de forma a reduzir no curto prazo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), termômetro oficial da inflação.

Alguns efeitos já foram sentidos nas leituras feitas no mês passado. A desoneração dos 16 itens da cesta básica, prevista para 1º de maio, foi antecipada em dois meses.

O pacote de 14 setores beneficiados com a desoneração da folha de pagamentos, programado para junho, foi antecipado para a semana passada. Esses dois pacotes vão render uma renúncia fiscal combinada de R$ 12,8 bilhões no ano que vem.

Os benefícios aos 14 setores anunciados na semana passada só entrarão em vigor em janeiro de 2014, mas o governo aposta que o anúncio dos incentivos, presentes na MP nº 612, devem estimular os investimentos.


Os preços dos combustíveis vão começar a cair em maio, avaliam os técnicos do Ministério da Fazenda. A gasolina passará a ter 25% de etanol na mistura, e não mais 20%, e, com isso, o preço do combustível deve ceder.

O governo também resolveu, de última hora, prorrogar a tabela reduzida de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) à indústria automobilística.

Até poucos dias antes da prorrogação, em 31 de março, a definição no Ministério da Fazenda era pelo cumprimento da estratégia traçada em janeiro: o IPI voltaria a subir, aos poucos, a partir de abril, dando início ao novo regime automotivo. O mesmo expediente deve ser adotado com o IPI reduzido para eletrodomésticos da linha branca, previsto para subir em julho.

Inflação

Segundo cálculos internos do governo, o IPCA deve ter superado a barreira dos 6,5% nos 12 meses acumulados em março. O número oficial será divulgado amanhã (10) pelo IBGE.

Com a notícia ruim, o mercado aposta que o momento para elevar a Selic será este, e todos no governo sabem disso. Não há nenhuma oposição no Palácio do Planalto a um eventual movimento do BC neste sentido.

Pelo contrário: temendo que a inflação se perenize em níveis elevados, o governo não descarta a possibilidade de a Selic, estacionada em 7,25% ao ano desde novembro, subir um pouco.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralEstatísticasGoverno DilmaIndicadores econômicosJurosMercado financeiroSelic

Mais de Economia

Chinesa GWM diz a Lula que fábrica em SP vai produzir de 30 mil a 45 mil carros por ano

Consumo na América Latina crescerá em 2025, mas será mais seletivo, diz Ipsos

Fed busca ajustes 'graduais' nas futuras decisões sobre juros